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Justiça francesa mantém a circulação de revista com novas fotos do atentado de Nice

A Justiça francesa decidiu manter a circulação da edição mais recente da revista Paris Match, que contém duas imagens de câmeras de segurança do atentado de 14 de julho de 2016 em Nice. A decisão proíbe, no entanto, novas publicações das duas fotos que "ferem a dignidade humana". O ataque realizado com um caminhão na avenida beira-mar da cidade deixou 86 mortos e completa um ano na sexta-feira (14).

Policiais e militares fazem a segurança no Passeio dos Ingleses, em Nice, logo após o ataque terrorista.
Policiais e militares fazem a segurança no Passeio dos Ingleses, em Nice, logo após o ataque terrorista. REUTERS/Eric Gaillard
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Na quarta-feira (12), duas associações de vítimas do atentado de Nice solicitaram a intervenção da Procuradoria para impedir a publicação da edição da Paris Match desta semana. Elas consideram que as imagens atentam contra a dignidade dos mortos no atentado com caminhão cometido no ano passado no Passeio dos Ingleses.

"Essas reproduções das imagens das câmeras de segurança, publicadas sem precaução, ferem a dignidade das vítimas e de seus familiares" e são publicadas "apenas pelo sensacionalismo" e "criar uma atmosfera mórbida", disse Eric Morain, advogado da Federação Nacional de Vítimas de Atentados e Acidentes Coletivos (Fenvac).

A justiça proibiu "toda nova publicação" das duas fotos veiculadas pela revista Paris Match, mas não mandou retirar das bancas a edição, considerando que as vendas já haviam começado e que não seria "eficiente". De acordo com a decisão judicial, as duas fotos de câmeras do sistema de segurança "ferem a dignidade humana".

A revista que chegou às bancas na manhã desta quinta-feira (13), mas que foi impressa no dia anterior, tem o objetivo de marcar o aniversário de um ano do massacre, com imagens e testemunhos de sobreviventes. Entre as fotos que mais irritaram as associações estão uma em que o imenso caminhão branco utilizado no ataque avança contra a multidão, mas os rostos das vítimas não são visíveis.

Outras imagens que indignaram a opinião pública foram a imagem do terrorista Mohamed Lahouaiej-Bouhlel, abatido pela polícia no caminhão e uma selfie que o agressor fez no Passeio dos Ingleses seis horas antes do massacre.

Na manhã desta quinta-feira (13), foi a vez do Ministério Público de Paris solicitar a retirada de circulação da revista, tanto das bancas como de sua versão online, na internet. O MP considerou que a difusão das imagens é um desrespeito às vítimas.

Esse tipo de procedimento é raríssimo na França. A última vez que um incidente similar aconteceu foi em 2012, depois do atentado perpetrado por Mohamed Merah no sul da França. Na época o MP tentou impedir que o canal Al-Jazeera divulgasse um vídeo da matança promovida pelo terrorista. Antes que a medida judicial fosse colocada em prática, a rede de televisão voltou atrás e anunciou que não passaria as imagens.

Paris Match se defende

Segundo o editor-chefe da Paris Match, Olivier Royant, o objetivo da publicação era realizar uma homenagem às vítimas, "um dever de memória, para que a sociedade não os esqueçam. Em um texto publicado no site da revista, o jornalista argumenta que as imagens são grandes planos em que as vítimas não podem ser identificadas.

Segundo ele, as fotos são publicadas "dentro da preocupação da compreensão do incidente". "É dever da imprensa mostrar exatamente o que aconteceu", reitera.

Para o Sindicato Nacional dos Jornalistas (SNJ) as reações sobre a publicação são desproporcionais. A organização se disse "chocada" que o pedido de retirada da revista das bancas seja encorajado através de um processo raríssimo.

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