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Saúde em dia

França: transplante de fezes cura pacientes com bactéria resistente

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Um tratamento desenvolvido na França para combater a bactéria Clostridium Difficile, que provoca fortes diarreias e dores de barriga, deverá ser usado no futuro para tratar outras doenças digestivas graves. Trata-se do transplante de fezes, método que promete revolucionar a vida de muitos pacientes.

O transplante de fezes poderá revolucionar o tratamento de várias doenças no futuro
O transplante de fezes poderá revolucionar o tratamento de várias doenças no futuro Afa
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A Agência Nacional de Medicamentos francesa reconheceu a prática em 2013, utilizada em cerca de 30 hospitais do país. O princípio é simples e consiste em recolher amostras dos cerca de 100 bilhões de microrganismos que compõem a flora intestinal de indivíduos saudáveis e introduzi-los no tubo digestivo dos doentes. A taxa de cura é de 90% para os portadores da bactéria Clostridium.

“Na prática, usamos as fezes de um doador, que será selecionado. Essa é a etapa mais complicada: achar o bom doador. Vai depender de sua história, seus antecedentes, dos remédios que toma. Depois faremos vários exames, para procurar agentes infecciosos no sangue e nas fezes”, explica o gastroenterologista francês Harry Sokol, criador em 2014 do GFTF (Grupo Francês do Transplante de Fezes).

Em seguida, as fezes são misturadas com soro fisiológico e os resíduos são filtrados. A preparação pode ser usada imediatamente ou congelada a uma temperatura de - 80°.

O transplante é feito durante uma coloscopia ou através de uma sonda que vai até o duodeno e deposita a substância. Na maior parte do tempo, uma hospitalização é necessária, mas o objetivo é que o ato possa em breve ser ambulatorial. O método, afirma o especialista francês, não assusta e nem intriga os pacientes. “Pelo contrário, eles são os primeiros a falar sobre o procedimento e a solicitarem o tratamento”, diz Sokol.

Síndrome de Crohn

A novidade agora é que as pesquisas indicam que esse mesmo remédio poderá em princípio ser usado para tratar patologias como a Síndrome de Crohn, doença inflamatória grave que provoca a necrose de partes do intestino e atinge principalmente jovens. O estudo está em um estágio avançado e os pacientes que vão testar o método já foram selecionados.

“Teremos os primeiros resultados dos estudos no fim do ano. Mas, infelizmente, embora as pesquisas mostrem um resultado positivo no caso Síndrome de Crohn, para que o tratamento seja validado e possa ser usado no cotidiano precisamos de tempo”, explica o gastroenterologista.

Além dessa doença, outros 155 estudos em torno da flora intestinal estão sendo feitos no mundo envolvendo outras doenças, como Diabetes, Obesidade, Síndrome do Intestino Irritável e efeitos da quimioterapia no intestino ou patologias autoimunes. Isso porque a composição da flora intestinal orienta a resposta do sistema imunológico. Sem contar a influência desse órgão misterioso no cérebro.

“Sabemos, há muito tempo, que existem fortes conexões entre o cérebro e o intestino, que um influencia o outro e vice-versa. Hoje os dados nos levam a crer que a flora intestinal tem um papel no desenvolvimento de doenças neuropsiquiátricas, como o autismo, a doença de Parkinson, talvez o Mal de Alzheimer, depressão e provavelmente outras patologias”, diz o gastroenterologista francês.

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