Justiça francesa indicia Marine Le Pen por desvio de verbas
A presidente do partido de extrema-direita Frente Nacional (FN) foi indiciada nesta sexta-feira (30), sob a acusação de abuso de confiança na investigação sobre os salários de assistentes parlamentares dos deputados de seu partido.
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Convocada no início da tarde desta sexta-feira ao setor financeiro do tribunal de grande instância de Paris, Marine Le Pen foi indiciada por “abuso de confiança na qualidade de deputada do Parlamento Europeu entre 2009 e 2016" pela suposta utilização de fundos do Parlamento para o pagamento de membros de seu partido sem qualquer relação com a instituição.
"Em coerência com sua posição durante a campanha presidencial, Marine Le Pen compareceu hoje à convocação dos juízes que a indiciaram, como estava previsto”, afirmou seu advogado, Rodolphe Bosselut, completando que ela entrará com um recurso a partir de segunda-feira (3) contra este indiciamento que, a seus olhos, viola o princípio da separação dos poderes.
Até então, a presidente da Frente Nacional, que atualmente é deputada no Parlamento Francês, havia recusado encontrar os juízes. Ela havia usado a sua imunidade de eurodeputada para rejeitar uma primeira convocação, em 10 de março, quando se encontrava em plena campanha presidencial. Em seguida, Le Pen indicou que iria responder favoravelmente à convocatória após as eleições presidenciais e legislativas.
Sistema generalizado?
Os juízes procuram determinar se o partido de extrema direita criou um sistema generalizado de pagamento de seus membros com créditos europeus, depositando-lhes salários como se fossem assistentes de seus deputados, mas sem que o seu trabalho tivesse uma conexão com as atividades de Parlamento Europeu.
Marine Le Pen estava entre os 17 representantes da FN no Parlamento, junto com seu pai, Jean-Marie Le Pen, e seu marido, Louis Aliot, incluídos no inquérito aberto na França em 2015, abrangendo 40 assistentes. O dano ao Parlamento Europeu equivaleria a quase 5 milhões de euros (quase 19 milhões de reais) entre 2012 e 2017, de acordo com dados da instituição europeia.
Na sequência de uma denúncia de uma deputada da FN, Sophie Montel, o promotor de Paris também abriu uma investigação preliminar em março por "abuso de confiança", visando19 deputados franceses de outros partidos, incluindo seis do partido centrista MoDem, presidido por François Bayrou e parte da base aliada do presidente Emmanuel Macron.
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