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Imprensa

Direito de reprodução assistida a todas as mulheres divide imprensa francesa

A imprensa francesa desta quarta-feira (28) analisa a decisão do Comitê de Ética francês que emitiu parecer favorável à extensão do direito de reprodução assistida para lésbicas e mulheres solteiras. Refletindo a sociedade francesa, o tema polêmico também divide os jornais. O parecer do comitê é uma mini-revolução, afirma Libération. Le Figaro se pergunta se é necessário relançar temas que dividem o país.

Um casal de mulheres durante uma manifestaçéao pelo direito à reprodução assisitida, em 2013.
Um casal de mulheres durante uma manifestaçéao pelo direito à reprodução assisitida, em 2013. AFP PHOTO / KENZO TRIBOUILLARD
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Na terça-feira (27), o Comitê de Ética francês se posicionou a favor da autorização da reprodução medicamente assistida para mulheres que desejam ter um filho sem um parceiro masculino, graças a um dom de esperma. A prática existe na França, mas só é autorizada para casais heterossexuais, com infertilidade cientificamente comprovada.

A decisão do comitê era aguardada com expectativa pelas associações LGBT, mas também pelo presidente Emmanuel Macron, que havia prometido durante sua campanha legalizar a reprodução assistida a todas as mulheres, informa Les Echos. O jornal lembra que essa reivindicação antiga da comunidade gay é rejeitada com firmeza por alguns coletivos de defesa da família tradicional.

O tema também foi promessa de campanha do ex-presidente François Hollande, mas nunca saiu do papel devido a resistências. Macron tinha condicionado a legalização a este sinal verde do comitê, aponta Les Echos.

Uma excelente notícia

Uma ginecologista entrevistada pelo Le Parisien declara que a decisão é uma excelente notícia para as mulheres francesas que atualmente tem que viajar a Espanha, Bélgica ou Grã-Bretanha, e desembolsar pequenas fortunas, para ter um filho por inseminação artificial ou fertilização in vitro.

Libération explica, no entanto, que o comitê continua contrário ao congelamento de óvulos, assim como à legalização da gravidez por uma outra mulher, a chamada "barriga de aluguel", que também são reivindicações das associações LGBT. O jornal progressista indica que o sinal verde do conselho de ética é meramente consultivo e que agora o governo deve levar adiante a questão.

Escolha de alto risco

Mas a legalização da reprodução assistida para todas as mulheres “será uma escolha de alto risco “para Macron, adverte Le Figaro. O jornal conservador diz que o presidente está sob pressão das associações LGBT.

A decisão do comitê de ética, tomada após 4 anos de reflexão, significa a institucionalização da família sem pai, como teme o coletivo conservador Manifestação para Todos. "Seria necessário reabrir as feridas de uma sociedade?", pergunta o diário.

Le Figaro salienta que o candidato Macron era favorável à reprodução assistida a todas as mulheres, mas espera que o presidente Macron seja bem mais prudente e evite a qualquer preço os erros cometidos por seu antecessor François Hollande no momento da legalização do casamento gay no país, que fraturou a sociedade francesa.

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