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“Meu trabalho dialoga com o espaço”: Edith Derdyk, artista plástica

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“Fantasmagoria” é o nome da instalação efêmera concebida pela artista plástica paulista Edith Derdyk, durante uma residência artística no jardim de esculturas La Petite Escalère, na região sudoeste da França. A obra, inaugurada em junho, deverá ser exibida até fevereiro de 2018.

A artista plástica Edith Derdyk
A artista plástica Edith Derdyk Barbara Fecchio © sculpturenature.com
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Com trabalhos já expostos em galerias e museus de Nova York e Paris, Edith Derdyk aceitou o convite da curadora Dominique Haim, herdeira de uma floresta de 28 hectares, que desde os anos 70 foi transformada em um jardim de esculturas a céu aberto pelo pai, Paul Haim, um ex-colecionador de arte, e outros dois sócios.

Uma área da floresta, que fica em uma região afastada entre Biarritz e o país basco, é reservada para artistas de vários horizontes e já foi cenário de obras de Rodin, Maillol, Niki de Saint Phalle, entre outros nomes famosos.

Edith Derdyk passou três semanas no jardim La Petite Escalère, período em que elaborou e realizou sua obra, a segunda feita em um ambiente natural. Para sua nova intervenção, ela recorreu ao seu trabalho de pesquisa feito com linhas brancas de algodão esticadas no espaço.

“Meu trabalho tem que conversar com a paisagem, por isso tive que inventar um procedimento específico. O chão é de lama, pois fica perto de um rio, e as árvores são muito altas e grandes. Acabei desenvolvendo um método de colocar uns pregos bem grandes, que saíssem das árvores. A partir dá comecei a criar vetores para criar uma espécie de labirinto na paisagem”, explica.

“Aqui a luz é muito incrível. Ela entra no bosque de maneira transversal. Como comecei a construir como se fosse uma grande aquarela, muralhas transparentes dão uma experiência física de atravessamento do corpo no espaço. A luz corta o bosque em diagonal. Como fiz em várias camadas, é como se fossem grandes telas que recebessem as sombras das árvores. Daí o nome fantasmagoria”, continuou.

Com sua obra, Edith conseguiu conciliar duas de suas paixões, as caminhadas e os fios de algodão, matéria-prima do trabalho exposto.

“Gosto muito de caminhar e meu trabalho depende muito de uma ação física. Essa obra é composta por 80 km de linha, o que exigiu muitas caminhadas para espichar a linha pelo espaço. Está muito integrado ao meu modo de pensar o trabalho”, relata.

Desde 1987 a artista paulista trabalha com instalações efêmeras e inspirada no material que escolheu para a obra.

“Esse material parte da minha experiência com desenho. Trabalho com linha no espaço desde 1997. Minhas obras são derivadas de um pensamento gráfico. Dependo de espaço da mesma forma que um escultor depende de mármore ou de argila, de um pintor que depende do pigmento das cores”, compara.

Fantasmagoria foi criada em uma área da reserva natural aberta a um público formado por estudantes, pesquisadores, doentes mentais e até refugiados, por meio de uma parceria com instituições.

“Pretendo provocar uma mudança no padrão de percepção, onde a apreensão do trabalho depende da inserção do corpo, com todos os seus sentidos, e não somente o olhar, dentro do espaço”. “Da mesma forma que para construir o trabalho eu tive que caminhar pelo espaço. O observador, para ele apreender o trabalho, também precisa do corpo dele. Ele precisa estar presente naquele lugar, naquele momento, principalmente porque a obra é efêmera”, afirma.

A obra está prevista para durar 10 meses, e está sujeita à alteração ao longo do tempo devido a presença de insetos, de fenômenos naturais e pelo crescimento da árvores ao redor e presentes no local e que fazem parte da instalação.

Apesar de acompanhar as interferências de longe, Edith Derdyk gosta de projetar algumas transformações de seu trabalho efêmero. “A linha não estará mais tão branca, talvez tenha um monte de folhinhas capturadas nessa trama de linhas, talvez aranhas terão feito novas teias. Todo esse processo de transformação do trabalho deve ficar registrado”, garante.

 

 

 

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