Reformas econômicas de Macron passam pelo crivo das revistas semanais
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Ouvir - 03:05
O assunto de capa das principais revistas semanais francesas é a reforma trabalhista e o programa econômico da presidência de Emmanuel Macron. Chamando Macron de "patrão", a L’Obs, revista de tendência de esquerda, questiona "até onde vai o Big Bang" do chefe de Estado centrista no Código do Trabalho.
L'Obs apresenta os cinco homens do presidente que elaboram os decretos trabalhistas sob a tutela da ministra da área, Muriel Pénicaud, ex-diretora de Recursos Humanos da Danone.
O ponto principal da reforma se refere à negociação de um acordo de trabalho na esfera da empresa, que poderia prevalecer sobre um acordo setorial já existente. O governo está convencido de que num mundo em rápida transformação, as empresas precisam ter mais liberdade de estabelecer em negociação direta com os trabalhadores a distribuição da carga horária, o tempo de repouso, as férias e benefícios específicos, como refeições, auxílio ao pagamento de creches e adicional por tempo de serviço. Em uma medida de simplificação, Macron quer diminuir o número de câmaras setoriais de 700, atualmente, para 100, depois da reforma.
O segundo ponto polêmico do projeto diz respeito à criação de um teto para o pagamento das indenizações trabalhistas em demissões sem justa causa. Atualmente, para demitir um empregado, o empresário precisa justificar prejuízos financeiros no balanço da empresa. O tempo de serviço do colaborador também resulta, conforme a antiguidade no posto, em elevadas indenizações.
Investidores alegam que as multas impostas pela justiça trabalhista na França são um freio às contratações, um argumento que a revista L'Obs rejeita. "Há três décadas a França adota medidas de flexibilização do mercado de trabalho sem resultados concretos na redução do desemprego", enfatiza o semanário.
O terceiro ponto da reforma reduz as instâncias de representação dos empregados e sindicatos de quatro para no máximo duas esferas.
Mudanças "moderadas" no Código do Trabalho
Para a revista conservadora Le Point, na perspectiva da eleição de mais de 400 deputados no domingo (18), no segundo turno das eleições legislativas sinônimo de ampla maioria na Assembleia Nacional , Macron pode reformar o país em profundidade.
Depois de um mandato de cinco anos do socialista François Hollande, criticado pela falta de resultados no combate ao desemprego, "Macron está sozinho diante da História" e liberalizar o mercado de trabalho é uma prioridade, opina a Le Point. Mas as mudanças em estudo não seriam tão dramáticas quanto temem sindicatos e trabalhadores, segundo a revista.
O presidente estaria interessado em reduzir progressivamente o imposto cobrado das empresas de 33% para 25%, mais do que em diminuir o custo do trabalho, de modo a aumentar a margem de investimento. A ideia do governo é atenuar a carga de descontos nos salários mais baixos, para estimular a criação de empregos, principalmente no setor de serviços e de mão de obra pouco qualificada, destaca Le Point.
Sobre os pontos levantados pela concorrente L’Obs, a revista Le Point concorda que Macron fará o Parlamento adotar as medidas, mas até aí não há nada de novo, já que elas constavam do programa do candidato. O semanário também defende que o presidente aplique "sem dó" uma redução de € 60 bilhões nas despesas públicas em cinco anos.
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