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Brasileiros protestam em Paris contra política de austeridade de Temer

O coletivo Alerte France Brésil (alerta França Brasil), que reúne brasileiros e franceses contra a destituição de Dilma Rousseff e as políticas de austeridade do “governo golpista” de Michel Temer, realizou neste sábado (13) uma manifestação na praça da República, em Paris. O protesto foi batizado de “Manifestação de Solidariedade ao Brasil”. Segundo a organização, 150 participaram do evento.

Manifestantes protestam contra governo de Temer em Paris
Manifestantes protestam contra governo de Temer em Paris Adriana Brandão/RFI
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“O que acontece no Brasil após o golpe é totalmente negativo. Não somos totalmente favoráveis ao que foi o governo de Dilma, mas não podemos admitir que um governo que não foi eleito modifique totalmente o programa dela, aplicando políticas que vão enfraquecer o direito das pessoas mais frágeis, como as reformas trabalhista e da Previdência, que atingem os mais pobres”, explica Iuri Lira-Cunha, um dos coordenadores do coletivo.

Ele também tem críticas à esquerda brasileira. “Não vemos mobilização para um projeto novo. Estamos preocupados com o futuro eleitoral brasileiro. Algumas pessoas pensam que será um momento decisivo, mas eu, pessoalmente, acho que a esquerda brasileira ainda não é capaz de propor uma solução adaptada à gravidade da situação. Ainda precisa repensar um programa de desenvolvimento nacional que inclua a verdadeira classe operária do Brasil e as minorias. ”

Sobre a possível candidatura do ex-presidente Luiz Inacio Lula da Silva em 2018, Lira-Cunha acha que “qualquer alternativa que venha propor um novo modelo de sociedade, nós apoiaremos, numa lógica democrática que não é verdadeiramente democrática, de votar no menos pior, não em um programa de adesão”.

Mas ele reconhece as qualidades de Lula. “Foi um dos melhores presidentes do Brasil. Temos que levar em conta a história que ele representa. Foi um grande líder social, sindical, que lutou desde o fim da ditadura para fazer do PT um grande partido, em colaboração com movimentos sociais, mas, infelizmente, pouco a pouco, ele foi se distanciando de suas origens, das ruas. ”

Genocídio e violência

A manifestação começou com batucada e forró e, depois, continuou com discursos de integrantes do movimento. “Falamos de algumas pautas necessárias, principalmente da dimensão geopolítica do golpe; do desmonte do pequeno estado de bem estar social que tínhamos e que hoje em dia está cada vez mais ameaçado; do genocídio de populações indígenas; da violência urbana, consequência das desigualdades, que a austeridade só aumenta; da questão feminista no Brasil”, conta Lira-Cunha.

O Alerte France Brésil conta com o apoio de outras associações de Paris, como France Amérique Latine, Autres Brésils e Amis des Sans Terre Brésiliens, que também estavam presentes na praça da República. “Elas ajudam a divulgar nosso coletivo. Também dispomos de página no Facebook e temos parceiros jornalistas que nos ajudam a difundir nossos eventos. ”

Segundo o coordenador, vários franceses que passavam pelo local pararam para se informar. “Fomos favorecidos pelo bom tempo, havia bastante gente e havia um feira do outro lado. ”

O coletivo não tem como meta apontar caminhos para a situação brasileira. “Não temos ambição de propor algo que possa ajudar e influenciar a situação política brasileira, nossa lógica é principalmente de solidariedade internacional, de informar os franceses sobre o desmonte do estado social. Somos brasileiros preocupados com o que acontece no Brasil. ” Para ele, os protestos contra o impeachment de Dilma vão durar pelo menos 20 anos.

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