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Eleição presidencial 2017

Jornalistas franceses punidos por exprimir opinião em campanha

A corrida presidencial na França avança para a semana decisiva antes do pleito que vai escolher o sucessor do socialista François Hollande. Tudo é tema de discussões, inclusive o posicionamento de jornalistas. Os profissionais da informação – jornalistas, cronistas, humoristas - podem expressar opiniões pessoais em tempos de campanha?

A jornalista Audrey Pulvar, na capa da revista les inRockuptibles.
A jornalista Audrey Pulvar, na capa da revista les inRockuptibles. Les Inrockuptibles
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É a questão que se coloca o jornal Le Monde, analisando vários casos de jornalistas recentemente suspensos ou que se dizem censurados. Como a âncora Audrey Pulvar, que foi suspensa pelo canal CNews até o dia 7 de maio, dia da votação, por ter assinado uma petição feminista contra a candidata xenófoba Marine Le Pen.

Le Monde conclui que Pulvar não violou nenhuma regra, pois a rede CNews não tinha para esta campanha nenhuma recomendação escrita e os textos que enquadram a profissão de jornalismo na França (acordos e convenção coletiva nacional) não evocam claramente a noção de “reserva”.

Mas o canal de notícias julgou que o gesto da âncora “poderia influenciar o olhar dos telespectadores sobre a jornalista”, segundo uma porta-voz da CNews.

Até onde a neutralidade do jornalista?

Le Monde cita um outro caso, no mesmo canal, de um apresentador que se mostrou agressivo contra um deputado socialista, partidário de Benoît Hamon, candidato do PS, derrotado no primeiro turno. “Foi diferente, ele não exprimiu seu voto”, explicou a mesma porta-voz.

Em outro caso, uma jornalista da rede LCI fechou abruptamente sua conta no Twitter após ter publicado uma mensagem expressando posição contra Marine Le Pen. Fica no ar se foi uma decisão individual ou exigência do patrão.

Jornalista pode ter opinião?

O jornal francês lembra que a expressão dos jornalistas é tema de debate desde a chegada das redes sociais no cenário da comunicação, há dez anos. “A maior parte das empresas de comunicação, em um momento ou outro”, conta Le Monde, “fez menção de redigir diretivas”. Mas poucas o fizeram, pois as questões abordadas são complexas. Le Monde enumera algumas: “até que ponto o empregador pode regular espaços que possuem caráter privado?” ou “revelar opiniões não reforça a transparência e a relação com o público?”.

Outros jornalistas e humoristas denunciam casos de pressão e censura. “Não se pode fazer nada, tudo é motivo de polêmica”, constata para Le Monde a diretora de redação Céline Pigalle, da rede BFM-TV. Ela lembra que, há 25 anos, uma jornalista influente como Anne Sinclair podia se recusar a receber Jean-Marie Le Pen, pai de Marine, em seu programa de entrevistas. “Hoje não se pode demonstrar o mínimo desdém contra a Frente Nacional ou seus eleitores”, acrescenta Pigalle.

“Os tempos mudaram”, conclui Le Monde.

 

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