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França

Inteligência da França confirma responsabilidade de Assad em ataque químico

Um relatório realizado pelo serviço de inteligência da França acusa o regime do presidente sírio Bashar al-Assad pelo suposto ataque químico de 4 de abril contra uma localidade rebelde do noroeste da Síria que deixou 87 mortos. O documento foi divulgado nesta quarta-feira (26) pelo ministro das Relações Exteriores, Jean-Marc Ayrault.

O ministro das Relações Exteriores, Jean-Marc Ayrault, ao apresentar o relatório do serviço de inteligência da França nesta manhã (26).
O ministro das Relações Exteriores, Jean-Marc Ayrault, ao apresentar o relatório do serviço de inteligência da França nesta manhã (26). STEPHANE DE SAKUTIN / AFP
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"Não há a menor dúvida de que foi utilizado gás sarin. Também não há dúvida sobre a responsabilidade do regime sírio", declarou Ayrault à imprensa, após uma reunião do Conselho de Defesa.

O documento, elaborado com base em mostras e análises realizadas pelo serviço de inteligência francês, permite estabelecer "que o método de fabricação do sarin coletado é típico do método desenvolvido pelos laboratórios sírios". De acordo com Ayrault, ele leva a assinatura do regime de Damasco. "Isso nos permite estabelecer sua responsabilidade neste ataque", reiterou.

87 mortos, entre eles, 31 crianças

O ataque no dia 4 de abril contra a cidade de Khan Sheikhun, em uma zona rebelde na região noroeste do país, matou 87 pessoas, incluindo 31 crianças. Após o ataque, os Estados Unidos bombardearam, em represália, uma base aérea do regime sírio em 7 de abril. Mas Assad nega categoricamente estar por trás dessas violências.

A Organização para a Proibição das Armas Químicas (OPAQ) concluiu em 19 de abril de forma "indiscutível" que as vítimas do ataque foram expostas ao gás sarin. Estados Unidos, Reino Unido, Turquia e França chegaram à mesma conclusão. Já a Rússia, principal aliada do regime de Bashar al-Assad, está de acordo com a presença do gás sarin na operação, mas diz ser impossível tirar conclusões sobre a responsabilidade do regime sírio.

Mas foi sobretudo a origem do gás sarin utilizado no ataque que permitiu que a França acusasse o regime de Damasco. A substância química obtida em Khan Sheikhun foi comparada com a utilizada em uma operação similar do regime sírio em Saraqeb, no norte do país, em 2013. A França conseguiu obter uma munição que não explodiu e analisou seu conteúdo.

Além disso, o contexto militar também ajudou a comprovar a autoria do ataque. Apenas o regime sírio utiliza caças Sukhoi 22, de fabricação russa. Foram esses aviões que lançaram as bombas sobre a cidade de Khan Sheikhun no dia 4 de abril.

Armas químicas banalizadas na Síria

Desde o início da guerra na Síria, em março de 2011, o regime de Damasco foi acusado diversas vezes de utilizar armas químicas. O ataque em Guta, periferia da capital síria, em agosto de 2013, deixou centenas de vítimas. A operação foi o ponto-chave para o fechamento de um acordo internacional sobre o desmantelamento do arsenal químico do governo.

Dezenas de outros ataques, de menor gravidade, foram atribuídos ao governo de Bashar Al-Assad, que mostram a banalização das armas químicas no conflito. Em 2016, dois relatórios de especialistas da ONU e da OPAQ concluíram que Damasco utilizou cloro em três de seus ataques e o grupo Estado Islâmico usou gás mostarda em 2014 e 2015.

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