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França

Mélenchon, da esquerda radical, termina campanha em clima de maratona

Confiança e otimismo não faltam ao candidato da esquerda radical à presidência, Jean-Luc Mélenchon, e a seus eleitores, a cinco dias do primeiro turno. Com o fulgurante crescimento protagonizado nas pesquisas de intenção de voto nas últimas semanas, sua equipe acelera os esforços nesta reta final para tentar diminuir a pequena diferença entre os candidatos que lideram a corrida presidencial: o centrista Emmanuel Macron, e Marine Le Pen, da extrema-direita.

Jean-Luc Mélenchon aposta em um "sprint" no final de sua maratona eleitoral.
Jean-Luc Mélenchon aposta em um "sprint" no final de sua maratona eleitoral. REUTERS/Charles Platiau
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Para o coordenador político da coligação Partido da Esquerda, Eric Coquerel, que faz parte da equipe de campanha de Mélenchon, o candidato antissistema corre uma maratona há pouco mais de um ano, quando deu partida à sua candidatura e termina a campanha “em sprint”. “Nesse sprint, o que observamos é que se medirmos a distância que temos em relação aos outros dois principais candidatos, estamos na mesma linha. Assim, o objetivo de chegar ao segundo turno torna-se cada vez mais crível e realista”, enfatiza.

Por isso, a principal meta do movimento França Insubmissa é mostrar que Mélenchon está apto para governar o país. “Nos nós concentraremos na divulgação do programa, de forma a responder as dúvidas dos indecisos. Queremos que todos os eleitores que não estão de acordo com Emmanuel Macron, François Fillon e Marine Le Pen saibam que eles podem contar com Jean-Luc Mélenchon”, garante Coquerel.

Agenda lotada a cinco dias da eleição

Jean-Luc Mélenchon tem uma agenda lotada na semana que antecede o primeiro turno da eleição, que será realizado no próximo domingo (23). Depois de reunir 70 mil pessoas em um comício no último domingo (16), em Toulouse, no sudoeste da França, o candidato realizou um tour de barco pelos canais de Paris na segunda-feira (17).

O líder da esquerda radical volta a subir no palanque nesta terça-feira (18) em Dijon, no leste do país, comício que será retransmitido ao vivo, utilizando a tecnologia do holograma para outras seis cidades: Montpellier, Grenoble, Nancy, Nantes, Clermont-Ferrand e Port, no departamento ultramarino da Reunião.

Muita expectativa também para quinta-feira (20), quando Mélenchon participa do último debate, na emissora France 2, antes do primeiro turno. Uma última aparição na televisão que pode ser crucial para o líder antissistema. Foi após suas boas performances nos dois primeiros debates que o candidato viu sua popularidade subir do quinto para o terceiro lugar, que divide hoje com o republicano François Fillon.

Indecisos e abstencionistas na mira de Mélenchon

No alvo do líder do movimento França Insubmissa estão principalmente os eleitores indecisos e os abstencionistas. Algumas pesquisas de intenção de voto mostram que um quarto dos eleitores franceses ainda não sabe em quem votar. As sondagens também mostram que uma boa parte dos eleitores que já escolheu seu candidato pode mudar de opinião até o último momento. Além disso, espera-se uma alta abstenção, já que na França votar não é obrigatório.

A equipe da França Insubmissa acredita que pode ganhar votos convencendo parte destes dois grupos a votarem em Mélenchon. “Diante do público que o acolheu em Toulouse e das pesquisas de opinião, Jean-Luc Mélenchon está muito confiante”, garante um dos porta-vozes da França Insubmissa da cidade, Matthias de Lozzo, que teve a oportunidade de encontrar o líder antes do comício no último domingo.

De acordo com o militante, se considerada a margem de erro que existe nas pesquisas de intenção de voto, o candidato da esquerda radical que hoje tem 20% das intenções de voto está em situação de empate técnico com Macron e Le Pen. “Tudo é possível”, salienta Lozzo.

Para ele, muitos dos franceses que foram assistir ao comício de Mélenchon em Toulouse ainda não decidiram em quem votarão no próximo domingo. “Várias pessoas participaram do evento porque queriam escutar o discurso para conhecer melhor o candidato e seu projeto”, diz.

Por isso, o militante explica que essa última semana de campanha será determinante para o movimento França Insubmissa. “Nesses próximos dias, nossa equipe vai tentar fazer um trabalho a conta-gotas. Procurar eleitores em lugares periféricos, onde a campanha ainda não conseguiu chegar, e tentar convencê-los um por um”, explica.

Uma comunidade em torno de Mélenchon

A estudante de Direito Racha Riache, de 19 anos, está confiante que Mélenchon vai conseguir cumprir seu objetivo. Segundo ela, nas últimas semanas, o candidato conseguiu “criar uma comunidade em torno dele”. “Há muito tempo que eu sei que vou votar nele, acompanhei atentamente sua campanha. Mas aqueles eleitores que ainda estão hesitando deveriam ouvir o discurso de Mélenchon em Toulouse, em que ele se defende e desconstrói uma falsa e radical imagem criada pela mídia sobre ele”, avalia.

Sobre o grande número de abstencionistas, a jovem entende a decepção das pessoas com a política, mas acredita que esse sentimento deveria incitar as pessoas a votarem. “Como não estar decepcionado com o governo de François Hollande, com todos os escândalos em torno de Fillon, de Le Pen? Mas isso pode resultar em uma boa dinâmica, e incentivar as pessoas a irem às urnas para escolherem um candidato a quem nunca deram uma chance, como Mélenchon”, diz, esperançosa.

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