Acessar o conteúdo principal

Milhares de jovens militantes se mobilizam por Macron em toda a França

Aos 39 anos, o mais novo candidato à presidência da França, Emmanuel Macron, vem angariando um número impressionante de jovens militantes, que criaram um movimento que engrossa a cada dia em nível nacional. Voltados para o futuro, eles veem no fundador do movimento Em Marcha! a renovação política que o país necessita.

Grupo de jovens militantes do movimento Em Marcha! em plena ação nas ruas de Paris
Grupo de jovens militantes do movimento Em Marcha! em plena ação nas ruas de Paris JAM
Publicidade

Fundado em junho de 2015, o movimento JAM - Jeunes avec Macron (Jovens com Macron, em tradução livre) tem atualmente 21.000 integrantes espalhados por toda a França e até mesmo nos departamentos ultramarinos. Organizados e supermotivados, eles têm um papel fundamental na militância junto à população, focando também nos que vão às urnas pela primeira vez ao fazer 18 anos, idade mínima para se poder votar na França..

"Junte-se a nós", diz a frase na foto de Sacha Houlié, porta-voz e cofundador do movimento nacional Jovens com Macron
"Junte-se a nós", diz a frase na foto de Sacha Houlié, porta-voz e cofundador do movimento nacional Jovens com Macron JAM

O advogado Sacha Houlié tem 28 anos, vive em Paris e é porta-voz e cofundador do JAM. Ele começou a apreciar Emmanuel Macron antes dele criar o movimento Em Marcha!, em abril de 2016, e de se candidatar: "Foi em 2015, quando ele era ministro da Economia e apresentou a Lei Macron para o crescimento, atividade e igualdade de oportunidades econômicas, que eu comecei a apreciá-lo. No quadro da minha profissão, que é o Direito, a lei tinha várias medidas boas, que facilitaram os procedimentos, o que reduziu os custos para os clientes, além de outros benefícios. Indo mais longe, sua lei também tinha muitas inovações no plano social, de empregos. Até que um dia, em uma roda de amigos, falando sobre política e trabalho, todos estavam elogiando a lei Macron, e chegaram à conclusão de que gostariam de defendê-lo de uma forma mais firme. "Foi assim que começamos. Abrimos um site na Internet defendendo a lei Macron, foi assim que nasceu o coletivo "Jovens com Macron", explica Sacha.

E como os jovens empreendem suas ações no território? Tudo parte da mobilização nacional nas redes sociais. Ali são decididos os cartazes e o conjunto do material militante que vai ser utilizado em todo o país. Cada região tem um responsável pelas operações, que são acompanhadas pelo comitê nacional. Cada grupo se organiza da forma que julgar mais eficiente e "vai à luta" em busca de votos.

Entre os pontos do programa de Macron, a questão do trabalho está no alto da lista dos jovens eleitores: "Acreditamos na sua proposta para criar empregos, permitir que o trabalho pague e que todo mundo possa ter um cargo através do seu grande plano de formação profissional. Este é um dos elementos essenciais. Em segundo lugar, ele entendeu que há necessidade de uma grande transição energética no atual modo de produção, ou de um plano de transição numérica sobre o modo de organização da sociedade. E, finalmente, em relação à França e à Europa, ele captou que a França não pode se dar bem sozinha, e ele assume sua posição pró-europeia", relata o advogado.

Por que Macron é inspirador até para a juventude que ainda não vota?

"Com Macron nos sentimos compreendidos, mas não infantilizados"

"Existe um argumento hoje, que é o seguinte: a inovação tem um rosto, e todas as propostas e promessas desta inovação estão refletidas na personalidade de Emmanuel Macron", observa Sacha, ressaltando que também foi convencido por seu discurso sincero. "Ele fala com os jovens sem dizer que vai fazer algo específico para nós. Ele se dirige a nós porque somos cidadãos como todo mundo, de igual para igual, e não porque somos novos e temos dificuldades maiores no campo profissional, na questão da moradia etc. Nós nos sentimos compreendidos, mas não infantilizados, e isso é superimportante", afirma o militante.

E justamente sobre esse aspecto, comentei com Sacha que tenho visto um grande número de adolescentes nos comícios de Macron, entre 15 e 17 anos, que ainda não têm idade para votar. Muitos vão com amigos e outros acompanham voluntariamente os pais. "É verdade, eu posso confirmar essa tendência pois temos militantes muito engajados, que cuidam principalmente das nossas redes sociais, e que ainda não têm idade para votar. Posso dar um ou dois exemplos: Stelle, que tem 16 anos,se ocupa das redes sociais para nós, e Marc, que é estagiário e fez um trabalho formidável durante toda a campanha, tem 17 anos! Esses dois, entre outros que também estão conosco, não vão votar, não têm 18 anos, e estão dando 200% deles mesmos", se entusiasma o porta-voz.

A poucos dias do primeiro turno de 23 de abril, os militantes do JAM têm a sensação do dever cumprido: "Fizemos uma bela campanha, fizemos tudo o que pudemos, e agora vamos esperar os resultados", diz Sacha.

Florian Maillot, leste da França: "É a primeira vez que me envolvo com política"

O universitário Florian Maillot tem 24 anos e estuda Geografia e História. Atualmente, passa por exames para ser

Florian Maillot, do movimento JAM em Besançon, leste da França
Florian Maillot, do movimento JAM em Besançon, leste da França LC

professor. "É a primeira vez que me envolvo em uma campanha política. Emmanuel Macron me despertou isso, sua personalidade emana uma vontade de unir todos os franceses para reformar o país, tanto da direita quanto da esquerda. Ele sempre diz que uma boa ideia não é necessariamente da direita ou da esquerda, é acima de tudo, uma boa ideia. Acho que propõe um consenso que o país está precisando, principalmente agora", pensa o estudante.

Florian entrou para o movimento JAM logo depois de uma grande marcha organizada por Macron, em julho do ano passado. "A sua vontade de fazer um diagóstico da França com todos os problemas que os franceses têm no seu dia a dia, foi isso que me conquistou, essa renovação do método de pensar a política. Outra coisa interessante é que ele quer uma outra recomposição política, renovar com pessoas da sociedade civil, com mais igualdade na política. Ele almeja uma vida política que seja representativa da sociedade civil francesa, é isso".

"Macron é uma resposta à juventude francesa refratária à política"

Integrante ativo do JAM no departamento de Doubs, na região de Franche-Comté, da qual a cidade de Besançon faz parte, Florian explica que seu grupo é formado por estudantes e jovens empresários locais. Eles se reúnem todas as semanas para planejar as ações como distribuição de panfletos e encontro com as pessoas nas ruas para explicar o programa do candidato e tentar convencer o maior número possível de eleitores. "Vamos na estação de trem da cidade, que é muito frequentada, vamos também na feira, colamos cartazes nos locais autorizados. Agora estamos perto do primeiro turno, mas antes disso fazíamos reuniões públicas para conversar sobre a vida política na França, as dificuldades da população", ele conta.

Jovens militantes distribuem panfletos na estação central de Besançon, na região de Franche-Comté
Jovens militantes distribuem panfletos na estação central de Besançon, na região de Franche-Comté LC

O fato de Emmanuel Macron ser jovem é inspirador para Florian: "Sim, o fato dele ser jovem me motiva, eu o vejo nos comícios com sua energia, com sua dinâmica para querer reformar o país, isso também me impulsiona para sair nas ruas, encontrar a população, a motivar meu grupo a seguir em frente! Mas também constato que hoje a juventude francesa é cada vez mais refratária à política e nós, do movimento, tentamos ao nosso nível abordar os outros jovens, perguntar por que eles são refratários à política... tentamos fazer um diagnóstico para convencê-los de que o projeto de Emmanuel Macron é uma resposta a essa juventude ", explica Florian.

Na França, a política sempre foi calcada no bipartidarismo "direita-esquerda". O fato do candidato centrista propor a colheita de boas ideias dos dois campos pode ser estimulante ou, ao contrário, assustar os novos eleitores?

Para Florian, é normal que essa proposta estremeça os conceitos e valores já estabelecidos. "Acho que a França precisa disso agora, diante dos desafios que ela terá que enfrentar no futuro. O bipartidarismo sempre existiu e faz parte da nossa história, não podemos esquecê-lo, mas hoje ele está ultrapassado e entrava o avanço do país", ele reflete.

Já tendo votado uma vez para François Hollande, em 2012, Florian Maillot esperava uma política melhor do presidente e confessa que ficou decepcionado. "Mas eu espero, e não tenho dúvidas, de que Emmanuel Macron fará melhor", ele conclui, confiante.

 

NewsletterReceba a newsletter diária RFI: noticiários, reportagens, entrevistas, análises, perfis, emissões, programas.

Acompanhe todas as notícias internacionais baixando o aplicativo da RFI

Compartilhar :
Página não encontrada

O conteúdo ao qual você tenta acessar não existe ou não está mais disponível.