"Eleitor francês está insatisfeito e quer mudanças", diz sociólogo Michael Löwy
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A dez dias das eleições presidenciais na França, a corrida está embolada como nunca se viu. Quatro candidatos de perfis e posições bem diferentes têm condições de chegar ao segundo turno, de acordo com as pesquisas de opinião: Marine le Pen, de extrema direita, François Fillon, de direita, Emmanuel Macron, de centro, e Jean-Luc Mélenchon, da extrema esquerda, que chegou ao pelotão de frente na reta final.
Para o sociólogo franco-brasileiro Michael Löwy, o que surpreende não é o candidato da esquerda radical ter despontado tão rápido, mas pelo contrário, justamente a demora de isso acontecer, visto o grau de insatisfação da população.
“O eleitorado está insatisfeito com o neoliberalismo que marcou o governo de François Hollande, como a legislação trabalhista imposta a ferro e fogo, criando esse desejo forte de mudança”, diz o pensador marxista, nascido em São Paulo em 1938 e formado em Ciências Sociais pela USP, onde teve aulas com Florestan Fernandes, Fernando Henrique Cardoso e Antonio Cândido.
Previsão de grande abstenção reflete insatisfação do eleitor
“Mélenchon tem seus problemas e limites, mas representa esse desejo de mudança pela esquerda e não essa pseudo mudança pela extrema-direita, que prega Marine Le Pen”, acrescenta o diretor de pesquisas emérito do conceituado Centro Nacional da Pesquisa Científica (CNRS), da França.
Sobre as previsões de um alto índice de abstenção, principalmente entre os jovens, Löwy acredita que é fruto da “inércia, conservadorismo e corrupção da classe política, o que gerou a desconfiança do eleitorado”.
Trajetória de Löwy inclui Brasil, Israel e França
Depois de formado pela USP, Löwy lecionou em São José do Rio Preto. Em Paris, ele estudou com o filósofo, sociólogo e pensador marxista Lucien Goldmann, passou uns anos em Israel e depois se instalou na França, em 1969. Autor de uma vasta bibliografia, seu livro mais recente publicado no Brasil é “A Jaula de Aço – Max Weber e o marxismo weberiano”, pela editora Boitempo.
Para assistir à entrevista completa, clique no vídeo abaixo:
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