Justiça indicia Fillon, candidato da direita à Presidência da França
O candidato da direita francesa à presidência, François Fillon (Os Republicanos) foi indiciado nesta terça-feira (14) por desvio de fundos públicos, como parte da investigação sobre supostos empregos-fantasma de sua esposa e filhos, a menos de seis semanas do primeiro turno da eleição presidencial na França.
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O ex-primeiro-ministro François Fillon havia anunciado anteriormente ter sido convocado por três juízes responsáveis pelo caso. No entanto, a convocação pela justiça aconteceu 24 horas antes do previsto. "A audiência foi antecipada para que acontecesse em condições mais calmas", declarou o advogado do candidato conservador, Antonin Levy, à agência AFP.
François Fillon foi indiciado por "desvio de fundos públicos, ocultação e cumplicidade no abuso de fundos públicos" e "por violar as obrigações junto à Autoridade para a Transparência da Vida Pública", confirmou uma fonte da justiça.
Os juízes estimaram que existem "indícios graves e concordantes" após várias semanas de audiências e buscas, provocadas pelas suspeitas de supostos empregos-fantasma que teriam beneficiado sua esposa Penelope e dois de seus filhos como assistentes parlamentares quando Fillon ainda era deputado. Penelope, de 62 anos, deverá comparecer à justiça no dia 28 de março.
Filhos repassaram parte de salários para Fillon
François Fillon, de 63 anos, afirmou em várias ocasiões que este indiciamento - que acontece faltando apenas três dias para o fim do prazo de apresentação dos candidatos à eleição presidencial - não o tiraria da corrida, voltando atrás em uma promessa feita inicialmente. Esta é a primeira vez que um candidato indiciado se apresenta à eleição presidencial francesa.
Apesar de o emprego de parentes não ser ilegal na Franca, os investigadores têm dúvidas sobre o trabalho exercido por sua esposa e filhos, que receberam no total cerca de 1 milhão de euros brutos de fundos públicos. Além disso, na segunda-feira (13), o jornal Le Parisien revelou que os dois filhos do candidato, Marie e Charles, entregaram parte de seus salários aos pais.
Desta forma, dos € 46 mil pagos à sua filha, de outubro de 2005 a dezembro de 2006, cerca de € 33 mil seguiram para uma conta conjunta de seus pais, afirma o diário. Já Charles, que ocupou igualmente o cargo de assistente parlamentar entre janeiro e junho de 2008, recebendo € 4,8 mil euros brutos mensais, entregou aos pais cerca de "30%" do seu salário líquido. Os advogados de Marie e de François Fillon justificaram a manobra, afirmando se tratar de "reembolsos" aos pais.
Fillon era o favorito
Até janeiro, Fillon era o principal candidato nas pesquisas, mas depois que o caso veio à tona caiu para a terceira posição, superado pelo centrista Emmanuel Macron e pela líder da extrema-direita Marine Le Pen, do partido Frente Nacional (FN).
Denunciando uma "perseguição", Fillon continua a fazer campanha, tentando atrair seguidores para o seu programa político. Ele enfrenta outra grande dificuldade, a deserção de vários membros de sua equipe, incluindo o seu porta-voz e o diretor. Sua campanha chegou a ser duramente questionada por seu próprio campo.
Por fim, seu partido, Os Republicanos, acabou por reiterar um apoio claro na semana passada. Creditado com 20% das intenções de voto, atrás de Marine Le Pen (27%) e Emmanuel Macron (24%), ele seria eliminado logo no primeiro turno.
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