Em 48 horas, presidenciável François Fillon, da direita, perdeu apoios de peso
Apontado há alguns meses como vencedor da eleição presidencial francesa em 2017, em um eventual segundo turno com a líder da extrema-direita Marine Le Pen, o candidato da direita François Fillon, do partido Os Republicanos, pode ser indiciado por desvio de fundos públicos.
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Nos últimos dias, começou a debandada dos seus partidários e colaboradores próximos, da direita e do centro, prenúncio de fracasso de uma campanha que tudo indicava que seria vitoriosa.
Fillon, próximo do fim?
O ex-favorito está cada vez mais sozinho e em somente dois dias "o capitão viu o navio esvaziar".
Nesta sexta-feira (3), foi a vez do porta-voz da sua campanha presidencial,Thierry Solère, anunciar no Twitter que havia deixado o cargo. Foi ele o grande articulador de Fillon nas primárias que lhe deram a vitória sobre o ex-ministro Alain Juppé. Essa partida representa um golpe duro e engrossa a lista de aliados que nos últimos dias retiraram seu apoio ao conservador.
A debandada se agravou na quinta-feira (2), quando diversos políticos anunciaram seu afastamento do candidato, todos próximos do perdedor das primárias para Fillon, Alain Juppé. São eles Edouard Philippe, Christophe Béchu e Benoît Apparu, este último porta-voz do candidato. Os três divulgaram um comunicado comum e sem ambiguidade: "A direção que essa campanha tomou nos parece incompatível com nosso modo de ver o engajamento político. Continuaremos a lutar por nossas ideias, apelando para a responsabilidade de cada um", diz o texto, dando a entender que um novo nome deve surgir para substituir o atual candidato, que desabou nas pesquisas de intenção de voto. Hoje, somente um entre quatro franceses deseja que François Fillon continue concorrendo à presidência.
O senador Jean-Baptiste Lemoyne, que o apoiava, também jogou a toalha, perguntando a Fillon: "Meu caro, a partir do momento que você não é capaz de unir a família política, como seria capaz de unir a França?"
O tesoureiro da campanha de Fillon, Gilles Boyer, também confirmou sua retirada, assim como Sébastien Lecornu, diretor-adjunto de sua campanha, Bruno Le Maire, seu representante para assuntos internacionais, e cerca de 70 partidários e colaboradores.
Alain Juppé, o próximo candidato da direita?
Nesta sexta-feira, o presidente do Senado francês e o secretário geral do partido Os Republicanos se reuniram com o ex-presidente Nicolas Sarkozy, que apoia Fillon, mas já reflete sobre uma estratégia rápida no caso de sua retirada.
Todos os olhos se voltam agora para o ex-ministro Alain Juppé, derrotado por Fillon nas primárias do partido Os Republicanos. Questionado, ele afirmou que "não pretende fugir de suas responsabilidades se o atual candidato da direita abandonar a corrida presidencial e se a família política do centro e da direita o apoiarem". Em outras palavras, não está descartado que ele seja o futuro candidato da direita.
O primeiro turno da eleição presidencial francesa será no dia 23 de abril.
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