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Novas revelações desarmam defesa de Fillon sobre escândalo de emprego fantasma

Os jornais franceses desta quarta-feira (8) trazem novas revelações sobre o escândalo de emprego fantasma da mulher do candidato conservador às eleições presidenciais francesas. As informações, publicadas pelo Le Canard Enchaîné e pelo Aujourd'hui en France, complicam ainda mais a defesa e a campanha de François Fillon.

Capa do jornal satírio Le Canard Enchaîne, que chegou às bancas nesta quarta-feira, 8 de fevereiro de 2017.
Capa do jornal satírio Le Canard Enchaîne, que chegou às bancas nesta quarta-feira, 8 de fevereiro de 2017.
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O semanário Le Canard Enchaîné, que chega às bancas todas as quarta-feiras, foi o primeiro a revelar o emprego fantasma de Penelope, a mulher de Fillon, há duas semanas. Contratada durante 15 anos como assessora parlamentar, ela teria recebido sem trabalhar ao todo mais de € 800 mil, o equivalente a cerca de R$ 2,8 milhões.

O escândalo, chamado na França de Penelopegate, ganhou na edição desta quarta-feira novos ingredientes. Segundo o jornal satírico, além dos salários indevidos, Penelope também recebeu uma indenização pelo fim de seus contratos, em 2002, de € 16 mil, e em 2013, de € 29 mil. Dinheiro que foi pago pela Assembleia Nacional francesa e, logo, pelo contribuinte, detalha o jornal. Le Canard Enchainé garante que a Justiça, que iniciou uma investigação sobre o escândalo, ainda não encontrou nenhuma prova do trabalho real da mulher de Fillon como assessora parlamentar do marido e seu seu suplente, Marc Joulaud, entre 1988 e 2007.

Acumulação de dois empregos fantasma

Além das indenizações, Penelope Fillon acumulou dois empregos fantasmas, revela Aujourd'hui en France. Uma prática, aliás, comum na família Fillon e que intriga os investigadores. Durante quase um ano e meio, de 2012 a 2013, Penelope era contratada como assistente parlamentar e como colaboradora da revista "Les Deux Monde", que pertence a um milionário próximo de Fillon, e os dois contratos eram em tempo integral.

O diário ouviu o advogado do candidato conservador, que explica não existir nenhuma incompatibilidade entre os dois empregos. Tudo é uma questão de organização do tempo de trabalho, diz a defesa de Fillon. Acumular dois empregos não é ilegal, mas trabalhar mais de 48 horas por semana sim, lembra Aujourd'hui en France.

Penelope não foi a única da família a ter longas jornadas de trabalho, ironiza o jornal. A filha mais velha do casal também acumulou o emprego de assistente parlamentar do pai no Senado, entre 2005 e 2006, e um estágio em um escritório de advocacia. Todas essas novas revelações tornam difícil a operação de reconquista do eleitorado lançada por François Fillon, diz Aujourd'hui en France.

Reconquistar eleitores será complicado

A ofensiva do candidato funcionou entre seus partidários, mas isso é muito mais complicado de acontecer junto à opinião pública, analisa Les Echos. Um conselheiro político do candidato conservador, entrevistado pelo jornal econômico, avalia que serão necessárias várias semanas para recuperar os laços perdidos e a confiança do eleitorado. Mas o tempo é curto, faltam apenas pouco mais de dois meses para o primeiro turno das presidenciais francesas.

O ex-primeiro ministro esperava uma segunda chance, depois de seu pedido de desculpas aos franceses na última segunda-feira (6). Ontem ele tentou relançar com força sua campanha, mostrando a união e o apoio de seu partido Les Républicains (LR, Os Republicanos) em torno de seu nome. "A direita em ordem de batalha atrás de François Fillon", destaca Le Figaro. "Não existe um plano B e sim um plano A como ataque", lançou o candidato a seus aliados para superar a paralisia que marca sua campanha há duas semanas.

Mas as novas revelações, publicadas pela imprensa francesa hoje vieram atrapalhar esses planos.

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