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França/Debate

Personalidades de Marselha pedem legalização da maconha para combater o tráfico

Em uma petição publicada neste domingo (8) no Journal du Dimanche (JDD), 150 moradores de Marselha (sul), incluindo os deputados socialistas Patrick Mennucci e Marie-Arlette Carlotti, defendem a "legalização controlada" da maconha. Eles defendem a medida como um instrumento de combate ao tráfico de drogas, que tem provocado dezenas de mortes em acertos de contas entre traficantes.

Os deputados socialistas Patrick Mennucci e Marie-Arlette Carlotti, em imagem de 2014, assinaram a petição sobre a legalização da maconha.
Os deputados socialistas Patrick Mennucci e Marie-Arlette Carlotti, em imagem de 2014, assinaram a petição sobre a legalização da maconha. REUTERS/Jean-Paul Pelissier
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"Marselha sofre danos causados pela proibição da maconha. Nós queremos incitar uma mudança e defendemos uma política mais eficaz e humana. Lançamos este apelo de Marselha para toda a França, para que haja um debate sobre a legalização da maconha no período eleitoral", diz o manifesto assinado por médicos, professores, sociólogos, artistas, dois juízes aposentados e policiais. A França terá eleições presidenciais em abril-maio e elegerá um novo Parlamento em junho.

Os signatários da petição consideram que a política de combate ao tráfico, baseada na proibição da maconha, é um fracasso. "Ela cria redes criminosas e tráfico organizado; arrecada somas consideráveis e gangrena bairros mais pobres da cidade", argumentam os moradores. "A maioria dos acertos de contas tem conexão com o tráfico de drogas", lembram os signatários.

Segundo dados oficiais, em 2016, os acertos de contas ligados ao narcotráfico deixaram 27 mortos no departamento de Bouches-du-Rhône, onde fica Marselha, contra 19 mortes em 2015.

"Um desastre para a cidade"

"Conscientes do desastre que o tráfico provoca em nossa cidade, fazemos um apelo pela legalização controlada da produção, da venda e do consumo da maconha, como já acontece em vários países", enfatiza o texto. Entre os efeitos positivos do fim da proibição, os signatários citam o fim das redes mafiosas que prosperam com a interdição da maconha, a diminuição das mortes, a possibilidade de o Estado "arrecadar legitimamente" impostos relacionados ao comércio legal da droga e a criação de empregos na agricultura.

Em um estudo realizado pelo Observatório Francês da Droga e da Toxicodependência (OFDT) em 2014, 17 milhões de franceses declararam ter fumado um cigarro de maconha pelo menos uma vez em suas vidas. Cerca de 700 mil franceses consomem a droga diariamente, segundo o OFDT. A erva é a primeira substância ilícita consumida por adolescentes, e com um início precoce, na faixa de 11 a 15 anos.

Em 2014, o Ministério da Justiça francês registrou 58.406 condenações relacionadas ao tráfico de drogas, tanto por tráfico quanto por consumo de substâncias ilícitas. A maconha é de longe a campeã desse tipo de ação, representando 91% dos casos julgados, contra 4% de cocaína e heroína.

O debate sobre a legalização da maconha retorna com frequência à mídia francesa. Porém, a classe política, de maioria conservadora, rejeita avanços.

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