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Saúde em dia

Retorno da febre amarela preocupa pesquisadores franceses

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A incidência de epidemias mais frequentes da febre amarela no mundo preocupa o Instituto Pasteur na França, que alerta para um retorno duradouro da doença, que já matou centenas na África e agora preocupa o Brasil.

O mosquito Aedes Aegypti, transmissor da febre amarela, dengue e o zika
O mosquito Aedes Aegypti, transmissor da febre amarela, dengue e o zika REUTERS/Daniel Becerril
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Segundo diretor da unidade de vacinas do Instituto Pasteur em Paris, Frédéric Tangy, o vírus da doença não foi erradicado, o que torna a vacinação essencial. “É uma vacina que não custa caro para fabricar, e que não custa muito para a OMS, que tem um programa permitindo a distribuição dessas e outras vacinas pelo mundo”. A vacina contra a febre amarela, que utiliza vírus atenuados, foi criada no ano de 1937 pelo médico e virologista sul-africano Max Theiler. Atualmente ela pode ser tomada em uma única dose, com um reforço a cada dez anos. Barata, ela é isenta de patente, e pode ser fabricada localmente, que é o caso do Brasil.

Para o pesquisador francês, o problema está, antes de mais nada, na comunicação. “É preciso ensinar às pessoas que a febre amarela não desapareceu. Não existe nenhuma doença viral totalmente erradicada, apenas a Varíola. Para todas as outras, é preciso se vacinar. Sabemos, ainda por cima, que existe uma nova emergência da febre amarela nos últimos 20 anos, e o número de casos aumenta ano após ano. É uma doença com uma taxa de mortalidade estimada entre 20 e 30%. Não é uma gripe”, declarou à RFI Brasil.

Os sintomas da doença incluem febre, falta de apetite, dor de cabeça, náuseas, fotofobia e cansaço. Nos casos mais graves, o doente tem icterícia - uma cor amarelada na pele. A febre amarela pode ser ser transmitida pelo mosquito Aedes Aegipty em áreas urbanas ou o Haemagogus, em áreas rurais. O mal apareceu no século 16 e provocou várias epidemias ao longo da história do Brasil. Desde 1942, as contaminações estão restristas à área rural.

Segundo o pesquisador francês, o retorno da doença é motivado por vários fatores. Entre eles, o aquecimento global, o aumento do número de mosquitos e o povoamento das áreas próximas de florestas com a destruição de ambientes naturais de animais selvagens. Os macacos, por exemplo, são hospedeiros do vírus e podem transmiti-lo ao homem. “Com o desmatamento e destruição da natureza, desalojamos os animais mas também o habitat dos vírus, que tem seu próprio ciclo, e quando isso passa para o meio rural, provocando epidemias mais importantes”, explica.

Surto em Minas Gerais

No Brasil, um surto da doença no estado de Minas Gerais já deixou pelo menos 15 municípios em estado de alerta, segundo a Secretaria de Saúde do governo do Estado. Essa é a pior epidemia em Minas Gerais e vários casos já foram registrados também em São Paulo e no Espírito Santo.

Segundo o Superintendente da Vigilância Epidemiológica do Estado, Rodrigo Said, os doentes são principalmente lavradores entre 30 e 46 anos, em boa saúde, “que não consultam o médico quando aparecem os primeiros sintomas” e que não se vacinam. “Minas Gerais é uma área de recomendação permanente da vacina. ela está disponível anualmente em todos os postos de saúde de Minas. Recebemos mais de 200 mil doses para serem utilizadas na rotina do serviço”, diz.

“Cabe também um recado ao poder público. No momento das campanhas contra a gripe, por exemplo, sempre falamos sobre a importância da renovação do cartão da vacina, e isso para todas as vacinas utilizadas hoje e disponíveis no SUS (Sistema Único de Saúde). É um recado para intensificar essa chamada de atualização do cartão, não só para a febre amarela, mas também outras doenças”.

Por que as pessoas não se vacinam, se o custo é zero? “Hoje as pessoas têm muito cuidado em relação à cartilha da criança. Mas o adulto precisa compreender também que o cartão é um documento importante, que ele precisa guardar, e quando necessário levar até a unidade de saúde para que a equipe possa avaliar a necessidade de atualização de qualquer vacina. Esse é o nosso principal recado”.

 

 

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