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Planeta Verde

Salmão orgânico possui mais toxinas do que os outros, afirmam especialistas franceses

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Fresco ou defumado, o salmão é a grande estrela das festas de fim de ano na França. Esse peixe rosado, extremamanete saboroso e rico em proteínas e antioxidantes, encontra-se presente em nove de cada dez mesas dos franceses, que consomem anualmente cerca de 250 mil toneladas do produto. 

Salmão com o selo da apelação "Saumon de France" criada por Pascal Goumain na Normandia, no norte da França.
Salmão com o selo da apelação "Saumon de France" criada por Pascal Goumain na Normandia, no norte da França. www.saumonfrance.fr
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Catherine Scola / Getty Images

Cerca de 92% da população come salmão com frequência e 72% o consideram indispensável nas comemorações de fim de ano. No entanto, uma investigação conduzida pela revista 60 millions de consommateurs jogou água fria na iguaria preferida dos franceses.

Os resultados mostram que o salmão orgânico apresenta níveis mais tóxicos de contaminação por metais pesados do que o produto convencional. Embora esse níveis de toxicidade ainda se encontrem abaixo daqueles considerados nocivos à saúde, a investigação fez barulho entre os franceses. Segundo Pascal Goumain, criador de salmão na região da Normandia, no norte do país, a maior parte do salmão consumida pelos franceses vêm na Noruega, da Escócia, da Irlanda e apenas 1% da França.

"Estamos falando de resíduos, então o que foi revelado pela investigação da 60 millions de consommateurs não é algo catastrófico, não se deve deixar as pessoas preocupadas. Trata-se apenas do resultado dos pré-requisitos necessários para a criação do salmão orgânico, que estipulam que a comida dos salmões deve conter no mínimo 50% de óleo e farinha de peixe. Acrescentando-se esta ração, aumenta-se a possibilidade de encontrar resíduos poluentes porque estes produtos vêm de peixes originários no Atlântico Norte, e, infelizmente, devido ao impacto da atividade humana, existem muitos resíduos poluentes encontrados na fauna marinha desta região", afirma Goumain.

"Nós na Normandia fizemos uma escolha diferente, um pouco por esta razão, mas também porque escolhemos trabalhar com farinha e óleo de peixe que vêm do Pacífico Sul, justamente para não termos este tipo de problema", declarou o criador de salmão. "Simplesmente nós desenvolvemos uma prática de cultura de peixes não-intensiva, nós somos criadores-artesãos, não fazemos uma produção industrial; são produções muito artesanais, é isso que nos permite de oferecer um produto diferente e de alta qualidade. Existem muitos grandes chefs de cozinha que dizem que nós produzimos o melhor salmão criado em cativeiro na Europa", finalizou Goumain.

Diversificar o consumo de peixes para diversificar o consumo de toxinas

Para o cardiologista Pierre Souvet, presidente da associação francesa Santé Environnement, o risco de contaminação pelo salmão depende da combinação de uma série de fatores. "É impossível dizer que não existe risco porque os valores atuais de contaminação por exemplo com o PCB e o mercúrio são calculados a partir da população em geral. No entanto, todos e cada um de nós estamos expostos a numerosos contaminantes. Além disso, dependendo da idade, se é uma mulher grávida que vai transmitir o contaminante a seu feto, as consequências serão diferentes por exemplo de uma vovó de 90 anos que come um pouco de peixe contaminado com PCB. Então eu considero falso dizer que os valores regulamentares atuais protegem a saúde. Porque eles não levam em conta o tempo de exposição, a idade da pessoa contaminada, e o coquetel de todos os produtos tóxicos que nós podemos ingerir, sobretudo nos peixes", afirmou o médico.

O médico francês alerta que a quase totalidade dos peixes do planeta já estão contaminados com produtos como o PCB ou o mercúrio e aconselha comer peixes como espadão, atum e tubarão a apenas a cada dois meses. Como estes peixes se encontram no fim de suas cadeias alimentares, eles tendem a acumular mais poluentes e contaminantes tóxicos que os outros. "De fato, do ponto de vista cardiovascular, consideramos o consumo de peixe como algo positivo. Mas não se deve exagerar, especialmente em períodos como Primeira Infância, gravidez ou mesmo no caso de mulheres que desejem engravidar. A agência nacional francesa também nos fornece outras recomendações, como diversificar o consumo de peixe. O ideal é não comer sempre o mesmo tipo de peixe. Na verdade, o que a agência está querendo dizer é para não consumir sempre o mesmo tipo de poluente", finalizou o cardiologista.

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