Procurador não vê provas em caso de negligência contra Christine Lagarde
O procurador geral francês Jean-Claude Marin considerou nesta quinta-feira (15) que as condições para condenar a diretora do FMI, Christine Lagarde, por suposta negligência que provocou um importante desvio de dinheiro público quando era ministra da Economia "não estavam reunidas".
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"As audiências não trouxeram as provas para corroborar uma acusação muito frágil", afirmou o representante do Ministério Público diante da Corte de Justiça da República (CJR), um tribunal excepcional encarregado de julgar crimes e delitos cometidos por membros do governo no exercício de suas funções.
Lagarde é acusada de "negligência" em uma arbitragem que levou ao desvio de recursos públicos de um organismo sob sua responsabilidade, quando ela ocupava a pasta da Economia na presidência de Nicolas Sarkozy (2007-2012).
Diário vê "negligências graves"
O jornal Le Parisien reconstituiu o caso na segunda-feira (12), quando o processo foi iniciado. Em 2007-2008, Lagarde ratificou uma decisão que resultou no pagamento de uma indenização de € 403 milhões ao empresário Bernard Tapie. Durante quase vinte anos, ele havia movido uma ação contra o banco Crédit Lyonnais, controlado pelo Estado, acusando a instituição financeira de tê-lo prejudicado na operação de venda da Adidas, que pertenceu ao seu grupo empresarial.
A arbitragem de Lagarde, conforme avaliaram os magistrados que instruíram o caso na Corte de Justiça da República, foi, no entanto, marcada por uma série de "negligências graves", segundo o Le Parisien. A decisão foi anulada posteriormente, por meio de um recurso apresentado no governo de François Hollande.
O suposto desvio de dinheiro público teria favorecido outros membros da administração Sarkozy, como o ex-chefe de gabinete de Lagarde, Stéphane Richard, que também responde a um processo judicial.
Lagarde pode ser condenada a um ano de prisão
O delito de “negligência” que possa ter permitido um desvio de fundos públicos, por uma pessoa “depositária de autoridade pública”, é passível de até um ano de prisão e €15 mil de multa.
Desde sua criação, em 1993, a Corte de Justiça da República já julgou seis ministros. A metade deles foi inocentada e outros três foram condenados. O tribunal não revê suas sentenças. Caso haja condenação, o acusado deve apresentar recurso à Corte de Cassação. A decisão deve ser anunciada na segunda-feira (19).
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