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Imprensa

Libération se indigna com falta de atitute dos países ocidentais sobre Síria

"Aleppo: por que deixamos isso acontecer?" é a manchete do jornal francês Libération desta quinta-feira (15). Na capa do diário, entre os escombros de prédios bombardeados, um homem, carregando um bebê no colo, deixa a cidade que se tornou símbolo da guerra no país.

Capa do jornal francês Libération desta quinta-feira 15 de dezembro de 2016.
Capa do jornal francês Libération desta quinta-feira 15 de dezembro de 2016. RFI
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Em editorial, o jornal não poupa críticas à comunidade internacional que, segundo Libération, falhou ao apenas contemplar e nada fazer de efetivo para ajudar o país dizimado por 5 anos de guerra. "Os homens, mulheres e crianças de Aleppo podem morrer, ninguém levantará um dedo para ajudá-los. Os espíritos superiores da geopolítica encontraram sua verdadeira vocação: tornaram-se idiotas úteis da tirania", escreve o jornalista Laurent Joffrin em editorial.

Outra matéria do Libé fala das seis vezes que os países ocidentais foram bloqueados ao tentar entrar em ação na Síria, devido ao veto da Rússia no Conselho de Segurança da ONU. Em cinco anos e meio de conflito e 300 mil mortos, nenhuma resolução foi adotada até agora, ressalta o Libération.

Fracasso de Barack Obama

Entre os maiores fracassos da comunidade internacional, o diário ressalta a promessa não cumprida do presidente americano, Barack Obama. Em 2012, ele declarou que, se comprovado que o regime de Bashar al-Assad tivesse utilizado armas químicas, o presidente sírio teria atravessado "a linha vermelha" e receberia uma resposta americana. Mas, mesmo depois da prova de que o exército sírio estava realmente utilizando essas substâncias, nada aconteceu. No final de agosto de 2012, Obama anuncia que voltou atrás devido à resposta negativa do Congresso americano sobre a questão.

"A decisão de Obama tem consequências até hoje", destaca o jornal. Entre elas, a continuação de utilização de armas químicas, sempre negadas pelo regime. Em agosto deste  ano, uma equipe de especialistas da ONU confirmam que helicópteros do exército sírio despejaram barris de cloro sobre as cidades de Talmanes e Sarmin em ao menos duas ocasiões. "A análise não terá nenhuma consequência", escreve o diário. Muito pior, ressalta Libé, a Rússia, aliada de Bashar al-Assad, duvida dos resultados da análise e volta a afirmar que se oporá a qualquer sanção contra Assad no Conselho de Segurança da ONU.

Já para o jornal Le Figaro, a guerra na Síria será a mancha na política estrangeira adotada pelos Estados Unidos, "uma vergonha que ficará na história". "Obama não é o único responsável da sequência de fatos que terminaram com o massacre de Aleppo. Ele não é culpado pelo aparecimento do grupo Estado Islâmico, nem dos violentos métodos utilizados pelo regime sírio e a Rússia", escreve o jornal. Mas, enfatiza: como presidente da maior democracia mundial, que é também a mais forte potência militar, considera-se que o presidente americano tinha uma obrigação moral de agir.

Impotência da ONU e da Europa

"Como Putin nos impõe suas leis" é a manchete de capa do jornal Aujourd'hui en France. Também em tom de crítica, o diário publica que "nada, nem ninguém" conseguiu convencer o presidente russo a colocar um fim a seu sangrento apoio ao regime sírio.

O editorial do Aujourd'hui en France também denota o fracasso dos países ocidentais. "As ruínas de Aleppo, as centenas de milhares de mortos e as milhões de pessoas que fugiram do conflito não são apenas símbolo do poder de Vladimir Putin. Elas são também a triste ilustração da impotência da Europa e das Nações Unidas, incapazes de ter uma voz em comum", publica.

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