"Turquia tornou-se a maior prisão do mundo para jornalistas", diz RSF
O número de jornalistas presos ou detidos no mundo aumentou 6% em 2016 quando comparado ao ano anterior. Atualmente, 348 jornalistas, incluindo freelancers e blogueiros, estão presos no mundo, segundo o balanço anual divulgado nesta terça-feira (13) pela organização não governamental Repórteres Sem Fronteiras (RSF), sediada em Paris.
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Levando-se em conta apenas o número de jornalistas com vínculo empregatício presos, a RSF observa um salto de 22% nos últimos 12 meses. No caso da Turquia, o número de profissionais privados de liberdade quadruplicou após o golpe de Estado fracassado de julho passado.
"Na porta de entrada da Europa, uma verdadeira caça às bruxas levou para a cadeia dezenas de jornalistas, transformando a Turquia na maior prisão do mundo para a profissão. Em um ano, o regime de Erdogan esmagou o pluralismo na mídia, enquanto a União Europeia não disse nada", denunciou Christophe Deloire, secretário-geral da RSF.
Outro dado relevante do relatório é que o número de mulheres jornalistas detidas também quadruplicou, passando de 5 em 2015 para 21 jornalistas em 2016.
Os dados menos desanimadores do levantamento se referem ao número de desaparecidos e de profissionais mantidos como reféns. Este último caiu de 61, no ano passado, para 52 neste ano. Enquanto em 2015 havia oito jornalistas desaparecidos, a RSF só aponta um profissional nessa condição, o africano originário do Burundi Jean Bigirimana.
Oriente Médio é cativeiro a céu aberto
Quatro países − Turquia (+100), China (103), Egito (27) e Irã (24) − concentram dois terços dos jornalistas presos. Em relação aos reféns, todos estão em cativeiros no Oriente Médio, em países como Síria (26), Iêmen (16) ou Iraque (10). Apenas o grupo ultrarradical Estado Islâmico mantém 21 jornalistas como reféns, denuncia a ONG francesa. Os rebeldes huthis, do Iêmen, sequestraram 15 profissionais. Segundo o documento, o Brasil não tem jornalistas ou blogueiros presos ou mantidos como reféns.
Para garantir a liberdade da imprensa, a RSF reivindica a criação de um representante especial para a segurança dos jornalistas diretamente ligado ao secretariado-geral das Nações Unidas.
CPJ publica dados divergentes
Em outro relatório publicado hoje, o Comitê para Proteção dos Jornalistas (CPJ) aponta a existência de 259 jornalistas presos no mundo, a maioria (81) na Turquia.
O CPJ menciona quatro jornalistas detidos na América Latina, entre eles um profissional estrangeiro no Panamá e um repórter com dupla cidadania na Venezuela. Cuba integra a lista de países que prenderam jornalistas em 2016 e que não estava no levantamento do CPJ no ano passado.
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