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França/Saúde

Implante contraceptivo de laboratório alemão é contestado por pacientes na França

Em sua edição desta sexta-feira (9), o jornal Aujourd'hui en France revela que 120 mil mulheres francesas estão sob observação por utilizarem um implante contraceptivo fabricado pelo laboratório alemão Bayer. O produto, vendido na França sob a marca Essure, é suspeito de provocar violentos efeitos colaterais.

Capa do jornal Aujourd'hui en France traz denúncia sobre o implante Essure.
Capa do jornal Aujourd'hui en France traz denúncia sobre o implante Essure. Reprodução
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O implante, à base de níquel, tem a aparência de uma mola e é colocado nas pontas das trompas de Falópio. Ele só é indicado para mulheres que não querem mais ter filhos, ou seja, que buscam um método contraceptivo definitivo, porque adere às trompas formando uma barreira mecânica que impede a passagem dos óvulos.

Vendido na França desde 2002, o implante Essure provocou efeitos colaterais desagradáveis em centenas de usuárias do produto. Há quatro anos, a Agência Nacional de Segurança dos Medicamentos (ANSM) passou a receber um número crescente de reclamações e ordenou uma vigilância reforçada das 120 mil mulheres que utilizam o implante. Em 2012, foram 42 queixas; no ano passado, as reclamações subiram para 242 casos.

Advogado entra com ação na Justiça

O advogado Charles Joseph-Oudin, conhecido por outros processos midiatizados envolvendo medicamentos, afirma ao Aujourd'hui en France que entrará nesta sexta-feira com um pedido na Justiça para que as autoridades da área de Saúde nomeiem peritos, a fim de avaliar os prejuízos sofridos por duas clientes que ele representa.

Uma delas, Marielle Klein, relata à reportagem os problemas que enfrentou por causa do Essure. Logo depois de realizar o implante, ela passou a sofrer de dores abdominais intensas e apresentou reações alérgicas variadas. A francesa lançou uma petição para apresentar o problema às autoridades, e o documento reuniu 45 mil assinaturas. Nos períodos críticos de reações, muitas mulheres ficaram incapacitadas para o trabalho.

O presidente do Colégio Nacional de Ginecologistas e Obstetras Franceses (CNGOF), Bernard Hédon, diz à reportagem que o implante Essure pode ser realmente perigoso para algumas mulheres, o que exige um alto grau de informação sobre os efeitos colaterais do produto.

O laboratório Bayer afirma que desde o lançamento do Essure, "o produto demonstrou ser um método contraceptivo seguro e definitivo, com uma relação benefício/risco positiva, comprovada por mais de uma década de pesquisas".

Mediator deixou marcas

O jornal Aujourd'hui en France encara o caso como mais um provável escândalo sanitário, a exemplo de outros recentes, entre eles o do Mediator. Este remédio, prescrito para diabéticos com sobrepeso e retirado do mercado em 2009, causou a morte de pelo menos 1,3 mil pessoas em 33 anos de venda na França.

Em seu editorial, o diário questiona o que fazem as autoridades do Ministério da Saúde, que, apesar de vários alertas de usuárias do Essure, ainda não tomaram providências para investigar o produto.

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