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Estados Unidos/França

Vitória de Trump ajuda candidatura de Marine Le Pen

Para Frédéric Says, jornalista político da rádio France Culture, a eleição de Trump mostra que, contrariamente ao que mostravam as pesquisas, “tudo é possível”, inclusive a vitória da candidata de extrema-direita da Frente Nacional, Marine Le Pen.  

Marine Le Pen, a presidente do partido de extrema-direita francês, Frente Nacional, com sua sobrinha Marion Marechal-Le Pen.
Marine Le Pen, a presidente do partido de extrema-direita francês, Frente Nacional, com sua sobrinha Marion Marechal-Le Pen. REUTERS/Eric Gaillard
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Eles têm muito em comum: fazem do discurso contra a imigração o carro-chefe de sua estratégia, criticam abertamente o sistema político-partidário e a "elite midiática de seus países", insultam os blocos econômicos comuns e pregam o protecionismo, e encantam uma parcela da população mais preocupada com seus problemas domésticos do que com os conflitos geopolíticos.

A representante francesa da extrema-direita Marine Le Pen não devia acreditar muito que o bilionário Donald Trump pudesse vencer as eleições presidenciais americanas. Diante do fato, seu primeiro reflexo foi parabenizá-lo no Twitter, mas sem muito alarde. Uma reação discreta diante da amplitude do fenômeno, mas na verdade muito bem pensada, segundo o jornalista francês Frédéric Says. Ela esperava pela reação de seus rivais antes de se pronunciar, e tirar os dividendos desse resultado inesperado. “Uma banana às elites”, como descreveu um de seus aliados mais entusiastas, seu marido Louis Alliot, vice-presidente do partido Frente Nacional.

Em sua declaração transmitida ao vivo pelo Facebook no início da tarde desta quarta-feira (9), Marine Le Pen, mostra mais a que veio. Citando o complô islamista, o engajamento em conflitos que trazem “mais imigrantes para a França”, e a emergência de um "novo patriotismo", ela voltou a parabenizar Trump.

“Os americanos mostraram que o mundo muda. O que aconteceu nesta noite não é o fim do mundo, mas de um mundo. A eleição de Trump é uma boa notícia. Se ele cumprir suas promessas, isso é uma boa notícia para a França. Em uma democracia, é o povo que decide e dá a legitimidade. Não há governo digno se ele não governa pelo e para o povo. Essas decisões democráticas enterram o mundo de ontem”, disse Le Pen.

Incertezas

A vitória de Trump, diz Frédéric Says, pode balançar as perspectivas até então dadas como certas de uma vitória do candidato do partido de direita Os Republicanos. As primárias da legenda acontecem no final de novembro e têm como favoritos o ex-premiê Alain Juppé e o ex-presidente Nicolas Sarkozy.

“Matematicamente a vitória de Marine Le Pen é dada como impossível, por isso há uma competição acirrada entre esses candidatos. Mas a eleição de Trump mostra que nada é impossível”, diz Says. “Isso pode dar confiança aos eleitores da Frente Nacional”, analisa.

Segundo ele, existe uma reflexão coletiva em torno da situação de 2002, quando Jacques Chirac disputou o segundo turno das eleições presidenciais com o pai de Marine, Jean Marie Le Pen. “Jacques Chirac era popular e havia uma mobilização coletiva, mas o contexto é outro. Houve uma “dediabolização” da Frente Nacional e muitas pessoas se recusariam a votar em Nicolas Sarkozy por exemplo”, explica. “Mas o contrário também pode acontecer e a esquerda se mobilizar diante do risco dessa vitória da extrema-direita”, diz. Depois de Trump, as tendências para as eleições presidenciais francesas em 2017 voltaram a se tornar uma incógnita.
 

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