Imprensa francesa chama torcida brasileira de chauvinista
A torcida brasileira nos Jogos Olímpicos do Rio continua desagradando a imprensa francesa. Os jornais Aujourd'hui en France e Les Echos desta quinta-feira (18) chamam os torcedores brasileiros de “chauvinista”.
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Aujourd’hui en France questiona, em sua manchete, se os torcedores brasileiros têm espírito olímpico. Diante da multiplicação das vaias durante as competições, o diário aponta a” parcialidade da torcida verde-amarelo, que surpreende no mundo asséptico da Olimpíada”. A reportagem diz que o público do Rio, com frequência, não obedece as regras do jogo.
Definitivamente, a imprensa francesa não engole as vaias ao atleta Renaud Lavillenie, medalha de prata no salto com vara, que são novamente lembradas. “Por que tanto ódio?”, pergunta o diário. O francês, que perdeu o primeiro lugar no pódio para o brasileiro Thiago Braz da Silva, esperava uma reação hostil durante a cerimônia de entrega de medalhas depois que comparou a torcida brasileira aos nazistas. “Mas não tanto!”, afirma o texto.
Até o presidente do COI, Thomas Bach, considerou inaceitáveis as vaias a Lavillenie. A matéria cita também o porta-voz dos jogos, Mario Andrada, que garante que o comitê organizador da Rio 2016 irá intensificar a campanha nas redes sociais para que o público se comporte de maneira apropriada.
Torcida excessiva até em partidas de pingue-pongue
Vaias ocorreram em outras Olimpíadas, mas o que impressiona no Brasil, primeiro país latino-americano a organizar o evento, é a sua “reincidência”, inclusive em “provas pouco acostumadas a ter um público tão exuberante”, segundo Aujourd'hui en France. Atletas do pingue-pongue, judô ou tiro, por exemplo, demostraram sua irritação com esse jeito brasileiro de torcer.
Mas é melhor não julgar muito rápido, aconselha ao jornal uma integrante do comitê organizador. Ela lembra que o Brasil, pátria de esportes coletivos, não tem uma cultura olímpica e que existem esportes que eles estão vendo pela primeira vez na vida.
Democratizar o esporte no Brasil
O ex-jogador Raí, em entrevista ao diário, diz que é necessário aproveitar esses Jogos Olímpicos para “democratizar o esporte no Brasil”. Em seu editorial, Aujourd'hui en France afrima que muitos atletas vão guardar um gosto amargo do evento, que deveria ser doce como o Pão de Açúcar, cartão postal do Rio. “Um público chauvinista, que apesar de não encher os estádios, provoca um clima decepcionante nas arenas”, critica.
Chauvinismo é também a palavra escolhida pelo correspondente do Les Echos para caracterizar a torcida brasileira. “Será que os belos símbolos da cerimônia de abertura no Maracanã, de exaltação das diferenças ao som da bossa nova, se despedaçaram sob a chuva de vaias ao saltador francês?”, questiona o texto.
Les Echos também entrevistou Raí, que acaba de receber seu passaporte francês. O ex-jogador, lamenta o chauvinismo, mas garante que o mais importante é o que acontece fora das arenas olímpicas. O presidente da associação Gol de Letra ressalta os limites do progresso social e da redução das desigualdades registrados nos últimos anos. Ela denuncia o racismo social que persiste no país e pede oportunidades iguais para todos.
“Mas acabar tanto com a desigualdade quanto com o chauvinismo necessita uma mudança de mentalidade que está longe de acontecer”, conclui, pessimista, Les Echos.
Detenção rocambolesca de nadadores americanos
Já Libération repercute a detenção rocambolesca e a retenção dos passaportes dos nadadores americanos, suspeitos de terem inventado o assalto contra o táxi em que voltavam para a Vila Olímpica, na madrugada de domingo. Os principais acontecimentos do 12° dia dos Jogos foram casos de polícia que aconteceram fora dos estádios, complicando a vida do COI.
O escândalo de dois dos 4 nadadores envolvidos, que foram retirados pela polícia do avião que os levava de volta aos Estados Unidos, não foi o único do dia, informa o jornal. O irlandês Patrick Hickey, presidente dos Comitê Olímpico Europeu, também foi detido ontem em seu quarto de hotel, suspeito de participar de uma rede de revenda ilegal de ingressos.
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