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Imprensa

Le Figaro: justiça exige que vídeos do atentado de Nice sejam apagados

Depois do furacão que o jornal Libération causou na quinta-feira (21), revelando várias falhas da segurança do evento do 14 de Julho em Nice, alvo de um violento ataque terrorista na semana passada, o diário Le Figaro dá sequência à polêmica nesta sexta-feira (22) com outra informação bombástica. O diário teve acesso a um documento oficial da subdireção antiterrorismo da justiça francesa, que exige que as imagens feitas pelas câmeras de segurança da cidade na noite do atentado sejam apagadas.

Imagem de uma câmera de segurança da cidade de Nice, no Passeio dos Ingleses, alvo do atentado de 14 de Julho.
Imagem de uma câmera de segurança da cidade de Nice, no Passeio dos Ingleses, alvo do atentado de 14 de Julho. VALERY HACHE / AFP
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Contatada pela equipe de reportagem do Figaro, a Justiça francesa confirmou a informação. Segundo a resposta oficial, o pedido para que os vídeos fossem apagados servem para "evitar uma possível difusão não controlada e irresponsável das imagens" da noite do 14 de Julho em Nice. Já a polícia nacional garante que todos as imagens utilizadas na investigação foram recuperadas e estão arquivadas.

Segundo uma fonte do centro de câmeras de segurança de Nice, entrevistada pelo Figaro, essa é a primeira vez que um pedido de destruição de provas é feito. A fonte reitera que os agentes do centro responsável pelas imagens, além de não terem competência para realizar a ação, ainda podem ser processados. Por isso, a prefeitura da cidade se nega a obedecer a ordem da justiça, o que inflama ainda mais a polêmica.

Em editorial, Le Figaro escreve que o governo tem o dever de divulgar a verdade sobre as falhas na segurança do evento de 14 de Julho em Nice. Para o diário, não há dúvidas de que o ministro francês do Interior, Bernard Cazeveuve, "travestiu" a realidade, exagerando sobre a presença de reforço policial no local que foi alvo do atentado na semana passada. E enfatiza: "o país tem necessidade de saber tudo o que aconteceu".

Libération responde a Cazeneuve

Já o jornal Libération, que deu início à polêmica na quinta-feira e deixou Cazeneuve em maus lençóis, dá sequência ao assunto nesta sexta-feira. Ontem, o ministro do Interior acusou o jornal de complô, declarando que o Libé incitava uma "polêmica inútil" e ainda pôs em dúvida a ética dos repórteres que participaram das investigações em Nice que deram origem às revelações.

Em um longo texto, o jornalista Johan Hufnagel responde à Cazeneuve e defende a equipe do jornal, dizendo: "Não, senhor ministro, os jornalistas do Libération não se renderam ao complô. Eles apenas fizeram seu trabalho, com o maior respeito à deontologia: investigar os fatos, estudar as contradições das declarações, fazer perguntas, oferecer a todos a oportunidade de testemunhar, inclusive aqueles que estão sendo colocados em questão. Este trabalho, escreve o jornalista, você sabe que foi feito porque estivemos em contato durante todo o dia de quarta-feira com sua equipe".

Provocador, Libération volta a afirmar que tem provas em vídeos, fotos e depoimentos, que na entrada da avenida beira-mar de Nice, no dia 14 de Julho, havia apenas dois policiais municipais, com o objetivo de tornar o tráfego fluido. Os veículos que o governo afirma que estavam no início do Passeio dos Ingleses para bloquear o local onde o público assistiu aos fogos é falso, insiste o jornal, lembrando que as primeiras viaturas da polícia nacional estavam a cerca de 400 metros de onde o atropelamento começou. O governo nacional e a prefeitura de Nice falharam, conclui o diário.

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