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Serra diz que OCDE “especulou” em relatório negativo sobre o Brasil

O ministro interino das Relações Exteriores, José Serra, contestou o relatório sobre a economia brasileira publicado nesta quarta-feira (1°) pela OCDE (Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico). No documento, a entidade prevê que a “profunda recessão” vai continuar no país, com redução do PIB de 4,3% em 2016 e 1,7% em 2017, em meio às grandes incertezas políticas e os desdobramentos das investigações de corrupção no país.

O chanceler interino José Serra durante encontro desta quarta-feira (1°) na sede da OCDE em Paris.
O chanceler interino José Serra durante encontro desta quarta-feira (1°) na sede da OCDE em Paris. RFI/Lucia Müzell
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O chanceler preparou uma resposta para a OCDE. O documento, de uma página e meia, traz uma visão mais otimista sobre o Brasil. Serra, que realiza nesta semana a sua primeira visita oficial à Europa desde que assumiu o cargo no governo do presidente interino Michel Temer, disse que apresentou um ponto de vista alternativo da conjuntura econômica brasileira ao secretário-geral da entidade, Angel Gurría.

A OCDE não afirma coisa nenhuma. Eles estão especulando”, reagiu, em uma coletiva de imprensa, ao ser questionado sobre a previsão da organização de que o desemprego deve seguir em alta no país. “Isso é bobagem. Eles estão especulando em relação a umas poucas informações que eles dispõem.”

A organização reagrupa as 34 maiores economias do planeta e tem uma vasta equipe de especialistas internacionais, sobre os mais diversos aspectos do desenvolvimento econômico. O setor de economia conta com mais de 150 profissionais, dos quais três se encarregam de acompanhar a situação do Brasil. Antes de ser publicado, o estudo é validado por um comitê de especialistas. O Brasil não é integrante do órgão, e sim um país convidado.

Para Serra, país começa a sair da recessão neste ano

Em seu texto, o ministro aborda o contexto político no país e explica o processo de impeachment em curso. Em seguida, ressalta que o governo Temer está construindo o consenso de que o Brasil deve corrigir os “desequilíbrios fiscais” e, por conta disso, “as perspectivas melhoraram significativamente e as incertezas recuaram”. Segundo Serra, o país vai começar a sair da recessão já no segundo semestre deste ano e será capaz de crescer 2% em 2017.

“A inflação prevista é 50% abaixo da inflação corrente – um fator altamente positivo que abre caminho para investimentos e por futura redução de juros. O relatório da OCDE não tem essa sofisticação de análise”, indicou o tucano.

Ele ainda elencou o bom desempenho da agricultura, o possível aumento da demanda chinesa por produtos alimentares, a exportação de manufaturados e o câmbio competitivo como fatores que induzem a uma leitura mais positiva sobre o futuro da economia do país. “Isso não significa que a economia vai bombar no ano que vem. O mais importante não é isso. O mais importante é sair da trajetória depressiva”, afirmou.

Contexto político prejudica retomada econômica

Outro ponto citado no relatório da OCDE sobre o Brasil é sobre o impacto das incertezas políticas na recuperação econômica do país. A organização afirma que as “profundas divisões políticas reduziram as chances de qualquer melhora notável nas reformas a curto prazo”, enquanto a dívida pública “continua a subir”.

Para Serra, porém, a “tensão política já diminuiu e a tendência é ir se normalizando”. “Eles falam do período anterior. Eles não tem as informações a respeito do que estava acontecendo”, reiterou o chanceler.

O ministro disse ter ratificado um acordo de troca de informações tributárias entre o governo brasileiro e a OCDE. Para ele, o acerto será um passo importante para combater a sonegação e a bitributação.

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