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A Semana na Imprensa

100 anos depois, ossos e vestígios da Batalha de Verdun ainda são encontrados

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Neste fim de semana, França e Alemanha se reúnem em Verdun, no nordeste francês, para lembrar os 100 anos de uma das batalhas mais sangrentas da história, e a mais mortífera da Primeira Guerra Mundial. Setecentos mil soldados deixaram a vida nos campos da cidade próxima da fronteira entre os dois países – e até hoje, vestígios dessa tragédia são encontrados na região.

Foto de junho de 2014 mostra uma trincheira no campo de batalha de Verdun, nordeste da França, anteriormente chamado "Boyau de Londres".
Foto de junho de 2014 mostra uma trincheira no campo de batalha de Verdun, nordeste da França, anteriormente chamado "Boyau de Londres". FREDERICK FLORIN / AFP
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É o que mostra uma reportagem publicada nesta semana na revista M, do Le Monde. Nos passeios pela floresta de Verdun, guias e turistas se deparam com esqueletos, projéteis e outros traços da batalha. Durante aqueles 300 dias de 1916, 60 milhões de disparos foram feitos por franceses e alemães, um confronto que mudou o relevo da cidade e traumatizou os que sobreviveram ao conflito.

A reportagem narra o impacto na vida de Gérald Colin, que herdou a profissão de guia florestal do avô, uma testemunha de Verdun. Sensibilizado pela violência da batalha, o francês se tornou obcecado pelo assunto: tem mais de 1,2 mil livros sobre o tema e conhece o acidentado terreno da região como a palma da mão. “No dia seguinte ao armistício de 11 de novembro de 1918, Verdun parecia uma paisagem lunar”, relata a revista. “A agricultura foi proibida na região, mas, rapidamente, a natureza retomou os seus direitos. Os troncos que se pensava mortos se mexeram de novo”, diz o texto.

Pessoas caminham na floresta de Verdun para visitar as ruínas da batalha de Verdun.
Pessoas caminham na floresta de Verdun para visitar as ruínas da batalha de Verdun. JEAN-CHRISTOPHE VERHAEGEN / AFP

“Poilus” não queriam que o campo fosse arborizado

Mas recuperar Verdun não foi tarefa fácil. Os projetos de rearborização dos campos eram sistematicamente rejeitados pelos ex-soldados, que preferiam ver a memória do local preservada, conta a revista M. Foram 10 anos de protestos, até que os “poilus”, como são chamados, aceitaram a ideia da plantação de uma floresta de 30 mil árvores.

Abrigo militar alemão de madeira ao lado do Forte de Vaux, em Flabas, leste da França.
Abrigo militar alemão de madeira ao lado do Forte de Vaux, em Flabas, leste da França. JEAN-CHRISTOPHE VERHAEGEN / AFP

Foi nesse contexto que milhares de destroços da batalha se esconderam nos campos agora verdes. O Memorial de Verdun estima que 80 mil mortos repousam sob a floresta plantada. O último esqueleto foi encontrado no último mês de fevereiro. Ao lado dele, um cartucho de balas Lebel, pedaços de uma máscara de gás e metade da placa de identificação do soldado.

Ossos no meio do passeio

A reportagem conta que, em 2013, turistas alemães chegaram a encontrar ossadas saindo da terra. Nessa ocasião, os exames legistas permitiram identificar restos mortais de 26 pessoas diferentes.

Além de ossos, cerca de 10 toneladas de material bélico são retirados da floresta todos os anos. Uma amostra é que, apenas durante a limpeza do local para as cerimônias previstas neste fim de semana, duas granadas foram localizadas próximas ao estacionamento onde François Hollande e Angla Merkel vão desembarcar.

Um funcionário da ONF (Office National des Forêts) mostra restos de uma sola de sapato de um soldado francês.
Um funcionário da ONF (Office National des Forêts) mostra restos de uma sola de sapato de um soldado francês. JEAN-CHRISTOPHE VERHAEGEN / AFP

 

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