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Planeta Verde

Restaurante em Paris recicla lixo de mercado

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Adeptos do “desperdício zero”, colocam em prática um movimento cuja ideologia é recuperar alimentos destinados ao lixo, transformando-os em um verdadeiro banquete.

Alimentos reciclados do mercado da região de Rungis
Alimentos reciclados do mercado da região de Rungis (Foto: Reuters)
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Danielle Legras, em colaboração para a RFI

Como tantas outras megalópoles mundiais, Paris é uma cidade onde seus habitantes buscam encontrar respostas adequadas para problemas de naturezas diversas. O restaurante Freegan Pony, que luta contra o desperdício alimentar, é um exemplo. Trata-se de um enorme galpão abandonado na periferia no norte da cidade que se inspirou no movimento freegan, cujo combate ao consumismo exacerbado, nasceu, ironicamente, nos Estados Unidos. A fusão dos conceitos “free” (“livre” em inglês) e “veganismo” (prática de não consumir produtos de origem animal), inspirou o jovem empreendedor parisiense Aladdin Charni.

Os freegans também defendem a ocupação de imóveis abandonados e desocupados, já que acreditam que a moradia não é um privilégio, mas um direito. Aladdin Charni, ocupa imóveis abandonados há quase dez anos. Ele afirma que seu principal objetivo é sensibilizar sua clientela e conscientizá-la que, o que eles estão comendo em seu restaurante, poderia estar no lixo.

A iniciativa ecológica de Aladdin Charni parece ter conquistado a confiança dos atacadistas do maior mercado de produtos frescos do mundo, o mercado de Rungis, que fica nos arredores de Paris, uma verdadeira cidade-mercado, inaugurada em 1964. “Nós recuperamos as frutas e os legumes no mercado de Rungis que é o maior mercado da Europa. Nós vamos ver os atacadistas que conhecem o projeto, e eles nos dão o que seria jogado fora, geralmente são produtos de ótima qualidade”, conclui Charbi.

O menu do dia é inteiramente preparado pelo chef de cozinha e seus voluntários, com os legumes e verduras recuperados. Outra proposta inovadora do Freegan Pony é a questão do “preço livre”, onde cada cliente paga o preço que considera ser justo. A decisão de instalar um restaurante num galpão abandonado há 15 anos, localizado debaixo de um viaduto, numa periferia modesta do norte de Paris, não foi mero acaso.

Objetivo é oferecer ao bairro nova proposta cultural

Aladdin Charni explica que sua principal motivação quanto à escolha deste local inusitado foi justamente o desejo de oferecer ao bairro - que segundo ele, oferece muito pouco a seus habitantes. Um espaço onde diferentes classes sociais possam coabitar. O ambiente é de fato, uma pequena amostra da fauna urbana parisiense. Jovens descolados vindos de diversos países, famílias do bairro, altermundialistas e sem abrigos.

Todos esses personagens compõem fazem parte da decoração do restaurante.
Uma miscelânea de móveis, tapetes e objetos oferecidos pelo Emaús – grupo que recolhe, conserta e recicla objetos para venderem a pessoas carentes por preços simbólicos – transformaram esse lugar rústico, num espaço charmoso e confortável.

Todos esses fatores contribuíram para o sucesso do Freegan Pony. Mas o futuro do restaurante depende do aval da prefeitura de Paris, que lhes enviou, recentemente, uma ameaça de despejo. Questionado sobre o futuro do restaurante, Aladdin Charni se revela otimista e afirma que tem feito tudo que está ao seu alcance, para que suas portas continuem abertas: “Tenho falado com a prefeitura, pedindo apoio aos eleitos locais, nós temos uma chance, eu sinto que as pessoas estão cada vez mais interessadas”.

Lembrando que, de acordo com a Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) um terço dos alimentos produzidos no mundo é desperdiçado a cada ano.

 

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