Feministas apoiam ministra em polêmica sobre o véu islâmico “fashion”
Um coletivo de associações feministas declarou apoio à ministra francesa dos Direitos das Mulheres, Laurence Rossignol, em meio a uma polêmica sobre os modelos “fashion” de véu islâmico e túnicas para clientes muçulmanas, confeccionados por cada vez mais marcas internacionais. Durante uma entrevista, a ministra disse que as grifes estão sendo “irresponsáveis” e que esse tipo de oferta estimula a repressão das mulheres.
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O comentário mais criticado foi o que Rossignol comparou as mulheres que escolhem usar o véu com os escravos que eram a favor da escravatura nos Estados Unidos. No dia seguinte, quarta-feira (30), ela reconheceu ter cometido uma gafe ao fazer esse paralelo.
As entidades muçulmanas consideraram as frases preconceituosas. Na internet, as mulheres de véu chegam a pedir a demissão da ministra.
Nesta quinta-feira (31), o coletivo feminista Coordenação Francesa para o Lobby Europeu das Mulheres, que reúne cerca de 50 associações, publicou uma carta aberta em apoio a Rossignol. Segundo o texto, a ministra socialista “reagiu com força e indignação diante da banalização do véu islâmico”.
Até marca de luxo oferece modelos
A “moda islâmica” começa a pegar nas grandes marcas da Europa. Lojas conhecidas, como a sueca H&M e a japonesa Uniqlo, já oferecem versões modernas de véu muçulmano. Até modelos de “burkini”, roupa de banho que inclui a cobertura da cabeça, encontram-se à venda na França e, principalmente, no Reino Unido, lançados pela famosa rede britânica Marks & Spencer.
A tendência também se encontra no mercado de luxo. A marca italiana Dolce & Gabbana anunciou o lançamento de uma coleção de véus e túnicas.
“Não duvidamos nem por um instante que, ao escolher essas palavras, você quis lembrar do desprezo do qual eram alvo os escravos, antes que se tomasse consciência” sobre os abusos da escravidão, dizem, à ministra, as associações feministas.
Outras religiões também oprimem, diz entidade
Também por comunicado, a presidente do Alto Conselho para a Igualdade entre as Mulheres e os Homens, Danielle Bousquet, parabenizou a “coragem” de Rossignol nesse debate. “Ela teve razão de denunciar a irresponsabilidade das grandes marcas que, em nome do lucro, não hesitam a adotar uma estratégia fundamentalista político-religiosa”, afirma. “Como não ver que essa moda religiosa é um instrumento a mais a serviço de um grande projeto de sociedade não apenas sexista, como de ocultação e controle do corpo da mulher?”, diz Bousquet.
A presidente da entidade sublinhou, no entanto, que “não há radicalismo islâmico por trás de todos os véus”, e ressaltou que o uso de véu pelas mulheres não é exclusivo do islã, e sim é encontrado em várias outras religiões.
Com informações da AFP
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