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França/ manifestações

Protestos contra reforma trabalhista acabam em confrontos na França

Várias manifestações contra uma reforma na lei trabalhista da França acabaram em confrontos nesta quinta-feira (31), em Paris, Toulouse, Nantes e Rennes. Pelo menos 10 pessoas foram detidas na capital francesa. Mais de 200 protestos ocorrem em todo o país - a mobilização nacional acontece um dia depois de uma derrota do presidente François Hollande em promover uma reforma constitucional sobre o terrorismo.

Estudantes encabeçam protestos contra reforma trabalhista na França.
Estudantes encabeçam protestos contra reforma trabalhista na França. REUTERS/Christian Hartmann
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Nesta quinta-feira, os manifestantes acusam o plano de mudança das regras trabalhistas de promover a precariedade do emprego. Centenas de milhares de pessoas eram esperadas nas ruas, para pedir a retirada do projeto de lei. Em Toulouse, 20 mil pessoas participaram da marcha, segundo a polícia. Em Grenoble, foram 7 mil manifestantes, e em Rouen, 6 mil, de acordo com a contagem oficial. Os manifestantes traziam cartazes dizendo frases como “Não mexa no meu emprego” e “Direto para o século 19”.

Em Paris, 10 pessoas foram presas depois de jogarem objetos contra a polícia, à margem da manifestação. Em Rennes, Toulouse e Nantes, as forças de ordem responderam com gás lacrimogêneo a ataques semelhantes.

Transportes e Torre Eiffel atingidos

Os protestos foram convocados por sindicatos de trabalhadores e estudantes, e afetam serviços como transportes. Os voos, trens e o metrô parisiense estão perturbados. No aeroporto de Orly, 20% dos voos foram cancelados. Já o aeroporto Charles de Gaulle funciona normalmente. Na rede de metrô da capital francesa, dois em cada três trens circulam. Os funcionários da Torre Eiffel aderiram à greve e o monumento está fechado.

Para os sindicatos, a reforma do governo socialista retira direitos dos trabalhadores e facilita demissões, sem trazer medidas consistentes de estímulo à criação de empregos. "Todos os trabalhadores se sentem e são diretamente afetados pela lei trabalhista", disse o líder da central sindical CGT, Pierre Martinez.

Adesão estudantil

A participação dos estudantes, que foi bastante forte durante as mobilizações anteriores, é considerada crucial para o sucesso do movimento de contestação. Para muitos jovens, os mais atingidos pelo desemprego, a reforma vai ampliar a precariedade do mercado de trabalho.

Estudantes grevistas bloquearam 50 escolas de ensino médio na região parisiense. A direção de dezenas de escolas decidiu manter os estabelecimentos fechados para evitar distúrbios e violência.

A medida foi criticada pelo Sindicato Geral dos Colégios (SGL, na sigla em francês), um dos principais da categoria. O vice-presidente, Pierre Monquet, viu na decisão uma tentativa de inibir a expressão dos estudantes. Ele também lamentou que muitos alunos que não aderiram ao movimento grevista tiveram que ficar nas ruas.

Reforma contestada

O projeto de lei sobre a reforma trabalhista tramita no Parlamento e já recebeu várias emendas. Nesta manhã, o primeiro-ministro Manuel Valls declarou que o governo pode fazer melhorias no texto nos artigos referentes a pequenas e médias empresas. Ele garante que não vai recuar na reforma, que considera "inteligente, audaciosa e necessária".

A ministra do Trabalho, Myriam El Khomri, disse que "ouviu as preocupações dos jovens", mas defende uma lei, que segundo ela, é "necessária e justa". A reforma da legislação trabalhista foi elaborada com o objetivo de flexibilizar o mercado de trabalho francês, considerado muito rígido pelos sindicatos patronais. O governo sustenta que as mudanças não vão diminuir os direitos sociais e a intenção é criar condições para gerar novos empregos. O desemprego atualmente no país é de 10%.

As mudanças visam reforçar a negociação entre trabalhadores e empregados dentro das empresas, o que incluiria acordos sobre a carga horária e regras para demissões. Diante da oposição dos sindicatos, o governo abriu mão das medidas mais polêmicas como o limite de indenizações para demissões sem justa causa. O recuo desagradou aos sindicatos patronais.

A mobilização desta quinta-feira é vista como um teste para o governo socialista e para o presidente François Hollande. Segundo analistas, ele se encontra fragilizado pelo descontentamento de parte dos eleitores de esquerda, com a adoção de uma reforma trabalhista a 13 meses da próxima eleição presidencial. Logo no início do mandato, Hollande prometeu que não se candidataria à reeleição caso o índice de desemprego não diminuísse no país, até o término de seu governo.

Com informações da AFP

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