França tem novo dia de greve geral contra reforma trabalhista
A França enfrenta um dia de greve nacional nesta quinta-feira (31) convocada por sindicatos de trabalhadores e estudantes contra o projeto de reforma da legislação trabalhista proposto pelo governo do presidente François Hollande.
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A paralisação afeta os transportes aéreo, ferroviário e o metrô parisiense. No aeroporto de Orly, 20% dos voos foram cancelados. Já o aeroporto Charles de Gaulle funciona normalmente. Na rede de metrô da capital francesa, dois em cada três trens circulam.
Para os sindicatos, a reforma do governo socialista retira direitos dos trabalhadores, aumenta a precariedade e facilita demissões, sem trazer medidas consistentes de estímulo à criação de empregos.
O líder da central sindical CGT, Pierre Martinez, prevê uma grande adesão dos trabalhadores para as manifestações de rua. "Todos os trabalhadores se sentem e estão diretamente afetados pela lei trabalhista", disse.
Cerca de 260 manifestações de rua contra a reforma estão previstas em todo o país. Os funcionários da Torre Eiffel aderiram à greve e o monumento está fechado.
Adesão estudantil
A participação dos estudantes, que foi bastante forte durante as mobilizações anteriores, é considerada crucial para o sucesso do movimento de contestação. Para muitos jovens, a reforma vai ampliar a precariedade do mercado de trabalho.
Estudantes grevistas bloquearam 50 escolas de ensino médio na região parisiense. A direção de dezenas de escolas decidiu manter os estabelecimentos fechados para evitar riscos de distúrbios e violência.
A medida foi criticada pelo Sindicato Geral dos Colégios (SGL, na sigla em francês), um dos principais da categoria. O vice-presidente, Pierre Monquet, viu na decisão uma tentativa de inibir a expressão dos estudantes. Ele também lamentou que muitos alunos que não aderiram ao movimento grevista tiveram que ficar nas ruas.
Reforma contestada
O projeto de lei sobre a reforma trabalhista tramita no Parlamento e já recebeu várias emendas. Nesta manhã, o primeiro-ministro Manuel Valls declarou que o governo pode fazer melhorias no texto nos artigos referentes a pequenas e médias empresas. Ele garante que o governo não vai renunciar a uma reforma que considera "inteligente, audaciosa e necessária".
A ministra do Trabalho, Myriam El Khomri, disse que "ouviu as preocupações dos jovens", mas defende uma lei, que segundo ela, é "necessária e justa".
A reforma da legislação trabalhista foi elaborada com o objetivo de flexibilizar o mercado de trabalho francês, considerado muito rígido pelos sindicatos patronais. No entanto, o governo sustenta que as mudanças não vão diminuir os direitos sociais e a intenção é criar condições para gerar novos empregos. O desemprego atualmente no país é de 10%.
As mudanças visam reforçar a negociação entre trabalhadores e empregados dentro das empresas, o que incluiria acordos sobre a carga horária e regras para demissões.
Diante da oposição dos sindicatos, o governo abriu mão das medidas mais polêmicas como o limite de indenizações para demissões sem justa causa. O recuo desagradou aos sindicatos patronais.
A mobilização desta quinta-feira é vista como um teste para o governo socialista e para o presidente François Hollande. Segundo analistas, ele se encontra fragilizado pelo descontentamento de parte dos eleitores de esquerda com a adoção de uma reforma trabalhista a 13 meses da próxima eleição presidencial.
Hollande chegou a prometer não se candidatar à reeleição caso o índice de desemprego não diminuísse no país antes do término de seu mandato.
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