Aliados denunciam “perseguição” a Sarkozy, indiciado por fraude em campanha
A tropa de choque de aliados de Nicolas Sarkozy saiu em defesa do ex-presidente francês nesta quarta-feira (17), um dia depois de o líder do partido Os Republicanos ser indiciado por financiamento ilegal de campanha eleitoral. Os defensores de Sarkozy denunciam uma “perseguição” da justiça e dos opositores do ex-chefe de Estado, que já havia sido indiciado por corrupção e tráfico de influência em 2014.
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A nova acusação da justiça se refere à campanha eleitoral de Sarkozy para se reeleger na presidência da França, em 2012. “Nunca a vida de um homem público foi tão dissecada, descorticada, examinada com microscópio”, disse o deputado europeu Brice Horterfeux, amigo e um dos mais fiéis colaboradores do ex-presidente. Hortefeux avalia que essa suposta perseguição poderá significar “uma força amanhã”, se Sarkozy for inocentado das suspeitas.
Na mesma linha seguiu outro aliado, o deputado e secretário-geral-adjunto dos Republicanos Eric Ciotti, para quem o indiciamento é um “desafio”, mas que vai “reforçar a sua determinação” em provar a inocência e seguir nos planos de voltar à presidência francesa. “Há uma forma coletiva das instituições e de seus adversários políticos para fazer de Nicolas Sarkozy um alvo privilegiado”, afirmou Ciotti, em entrevista à rádio France Info. Ele disse que vê “um tipo de perseguição” ao ex-presidente francês, mas ressaltou que, até hoje, todas as acusações foram encerradas por falta de provas.
Corrupção e, agora, financiamento ilegal de campanha
Na realidade, a acusação de 2014 ainda está sendo apurada. Sarkozy é suspeito de prometer um alto cargo para um magistrado, em troca de informações sobre eventuais investigações sobre ele. O veredicto ainda não saiu, mas, pelo crime de corrupção ativa, o ex-presidente pode pegar até 10 anos de prisão e, pelo de tráfico de influência, está sujeito a cinco anos de detenção.
Neste novo indiciamento, o ex-presidente conservador foi acusado por um juiz de instrução que apurou a existência de notas fiscais falsas emitidas pela empresa Bygmalion para a sua última campanha presidencial, quando perdeu para o atual presidente, o socialista François Hollande. Com as notas, o candidato teria dobrado ilegalmente o teto de € 22,5 milhões autorizados pela justiça eleitoral para a campanha do partido.
Na terça-feira (16), o ex-presidente foi interrogado por mais de 10 horas pelo juiz especializado em crimes financeiros Serge Tournaire, que investiga o caso há dois anos. Agora, Sarkozy terá de responder por uso de documentos falsificados, fraude e abuso de confiança. “Sarkozy sempre, sempre negou conhecer pessoalmente a sociedade Bygmalion”, argumentou Hortefeux. Pelos novos crimes, o líder conservador pode ser condenado a um ano de prisão e € 3,7 mil em multas.
Pré-candidatura em 2017 fica prejudicada
Nesta quarta-feira, os analistas avaliam que o imbróglio judicial deve afetar a candidatura de Sarkozy às primarias dos Republicanos, que vão determinar quem será o candidato do partido contra Hollande nas próximas eleições presidenciais, em 2017.
“A candidatura dele se tornou extremamente difícil. De ‘provável’, depois da eleição dele à presidência do partido, passamos para ‘eventual’, com o sucesso do pré-candidato Alain Juppé [ex-chanceler da França] e agora me parece ‘improvável’”, explica François Miquet-Marty, presidente do instituto de pesquisas Vivavoice, em análise para a agência AFP. Jérôme Fourquet, do instituo Ifop, tem mais dúvidas sobre a capacidade de Sarkozy de sair por cima. “Ele já enfrentou a justiça diversas vezes e, até hoje, nada o impediu de seguir a sua carreira politica”, destacou o analista.
Os problemas com a justiça voltam poucos dias depois de ex-presidente lançar um livro, La France pour la vie (A França para sempre, em tradução livre), um sucesso nas livrarias que impulsionou a pré-campanha de Sarkozy às primárias.
Com informações da AFP
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