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Para evitar polêmica do vinho à mesa, França cancela jantares com Irã

Nenhum jantar com autoridades francesas está na agenda da delegação iraniana, em visita a Paris a partir desta quarta-feira (27). Foi esta a forma que a França encontrou para resolveu a polêmica de ter álcool à mesa durante as refeições. No encontro que não ocorreu no último 17 de novembro, cancelado devido aos atentados de Paris, Teerã teria pedido ao protocolo que retirasse as garrafas de vinho do cardápio do almoço oficial.

Líderes iranianos e franceses se reuniram nesta quarta-feira (27) em Paris, mas sem jantar.
Líderes iranianos e franceses se reuniram nesta quarta-feira (27) em Paris, mas sem jantar. AFP PHOTO / ERIC FEFERBERG
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A ausência de qualquer bebida alcoolizada é uma exigência comum do Irã, onde a onde a sharia, lei islâmica, ainda dita as regras. A exigência foi acatada em Roma, na primeira etapa da visita do presidente iraniano Hassan Rohani à Europa. Tanto no almoço, no Palácio Quirinale, quanto no jantar oficial com o primeiro-ministro italiano Matteo Renzi.

A religião islâmica estabelece que ingerir álcool é pecado. Mas os pedidos da delegação iraniana vão muito além do que qualquer outro grande país muçulmano. Rohani não toleraria até mesmo que os não-muçulmanos consumissem bebidas alcoólicas em sua presença.

Em novembro, quando Teerã exigiu que os jantares no Eliseu não tivessem vinho, o governo francês recusou. A solução foi propor um café da manhã - o que a delegação iraniana considerou muito ordinário.

Devido aos atentados de 13 de novembro, o encontro acabou sendo adiado e o problema do vinho à mesa também. Dois meses depois, foi decidido que Rohani seria recebido com toda a pompa desejada pela delegação iraniana, mas sem nenhuma refeição na agenda dos líderes franceses e iranianos.

Toda nudez será escondida

Na visita à Roma, uma outra exigência de Teerã gerou uma imensa polêmica. Autoridades iranianas pediram que estátuas de mulheres nuas que decoram o Capitólio, a sede histórica da prefeitura de Roma, fossem cobertas durante a visita de Rohani. Foi assim que várias estátuas que o presidente iraniano cruzaria em sua passagem foram cobertas painéis brancos.

Segundo fontes oficiais, a decisão de cobrir as esculturas foi tomada "por respeito ao visitante", líder político e clérigo xiita.

O pedido das autoridades iranianas revoltou a população e personalidades italianas. "Não se pode esconder a própria cultura, a própria religião ou a própria história. Foi uma decisão equivocada", criticou o arqueólogo Giuliano Volpe, presidente do Conselho Superior para os Bens Culturais do ministério italiano da Cultura.

Aproximação entre Irã e Europa

A visita à França do presidente iraniano segunda etapa de um giro que marca a aproximação entre a República Islâmica e os países europeus após o levantamento das sanções, deve resultar na assinatura de importantes contratos comerciais. Rohani viaja acompanhado por uma delegação de mais de uma centena de empresários e seis ministros.

Teerã já anunciou um amplo acordo com o fabricante europeu de aviões Airbus, com a compra de 114 aeronaves, enquanto na Itália foram assinados quinze acordos de um valor total de € 15 a € 17 bilhões. Um outro firmará o retorno ao Irã da construtora automobilística PSA Peugeot Citroën, por meio de uma parceria com o grupo local Iran Khodro, que produzirá 200 mil veículos por ano.

Rohani se encontra na quinta-feira (28) com os empresários franceses e com o presidente François Hollande, com quem deverá participar de uma coletiva de imprensa conjunta, segundo fontes oficiais francesas.

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