Acessar o conteúdo principal

Como brasileira na Suiça, professor francês se automutilou

O caso do professor de uma escola da periferia de Paris, que inventou ter sido agredido nesta segunda-feira (14) com uma tesoura e um estilete por um homem que pertenceria ao grupo Estado Islâmico, lembra outros episódios similares na história recente da Europa. A falsa agressão de uma brasileira na Suiça e o suposto ataque de uma francesa dentro de um trem na periferia de Paris também mobilizaram a imprensa internacional e autoridades políticas, antes da mentira ser descoberta.

Imagens de Paula Oliveira foram divulgadas pela imprensa brasileira e internacional.
Imagens de Paula Oliveira foram divulgadas pela imprensa brasileira e internacional.
Publicidade

Em 2009, a advogada brasileira Paula Oliveira afirmou ter sido agredida e torturada por três neonazistas, que teriam escrito em sua barriga, com um estilete, a sigla SVP – iniciais em alemão do Partido do Povo Suíço, de extrema-direita. O jovem, que dizia estar grávida, afirmava que havia sofrido mais de 100 cortes e que a agressão teria sido a causa de seu aborto.

O caso chocou a opinião pública e o então presidente Luiz Inácio Lula da Silva condenou com firmeza o episódio, que ganhou um imediatamente um viés xenófobo, seguido com atenção pela imprensa internacional. No entanto, as investigações constaram que as cicatrizes na barriga da brasileira teriam sido feitas por ela mesma e exames clínicos mostraram que Paula não estava grávida. Ameaçada de um processo na Suiça por falso testemunho, a advogada voltou para o Brasil.

O caso provocou constrangimento de algumas autoridades políticas que acompanharam o caso e criticaram abertamente as autoridades suiças pela suposta negligência nas investigações. O deputado federal Marcondes Gadelha (PSB-PB), então presidente da Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional da Câmara, chegou a se desculpar publicamente por suas declarações visando Berna. 

Francesa também inventou agressão

Assim como na história da brasileira, outro caso similar também provocou a reação de um chefe de Estado na França, antes da farsa ser revelada. O episódio ocorreu em 2004, quando uma jovem deu queixa alegando ter sido atacada dentro de um trem de periferia por seis rapazes “de origem árabe”. Segundo a moça, os agressores, que pensavam que ela era judia, teriam desenhado uma suástica com uma faca em sua barriga e cortado mechas de seu cabelo antes de empurrá-la com seu bebê na plataforma da estação. O relato suscitou reações imediatas, não apenas por seu caráter antissemita, mas também por a suposta vítima ter afirmado que mais de 20 passageiros presenciaram a cena, sem reagir.

A justiça lançou um processo imediatamente para desvendar o crime, mas antes mesmo de ouvirem as possíveis testemunhas o episódio foi relatado pelas agências de notícias. Duas horas mais tarde, o ministro francês do Interior, Dominique de Villepin, condenou o ataque, seguido pelo então presidente, Jacques Chirac. Jornais, emissoras de rádio e canais de televisão deram grande destaque ao caso durante todo o fim de semana antes da polícia revelar, na segunda-feira, que não havia provas para confirmar a agressão e que o suposto crime teria sido inventado.

Além de suscitar uma série de críticas à reação da imprensa, que noticiou a história de forma afirmativa, apesar da ausência de provas, o caso da jovem francesa foi tema de um documentário e inspirou até um longa-metragem, dirigido por André Téchiné. O filme La Fille du Rer foi protagonizado pela atriz Catherine Deneuve no papel da mãe da vítima.

Filme se inspira da história de francesa que simulou ataque

NewsletterReceba a newsletter diária RFI: noticiários, reportagens, entrevistas, análises, perfis, emissões, programas.

Acompanhe todas as notícias internacionais baixando o aplicativo da RFI

Compartilhar :
Página não encontrada

O conteúdo ao qual você tenta acessar não existe ou não está mais disponível.