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Conheça Marine e Marion, as mulheres que mandam na extrema-direita francesa

Elas são de gerações diferentes, mas conseguiram a vitória que esperavam no domingo (6): Marine Le Pen, presidente da Frente Nacional, e sua sobrinha Marion Maréchal-Le Pen, chegaram à frente no primeiro turno das eleições regionais com inéditos 40% dos votos.

Marion Marechal-Le Pen recebe um beijo da tia, Marine Le Pen (à direita).
Marion Marechal-Le Pen recebe um beijo da tia, Marine Le Pen (à direita). REUTERS/Jean-Pierre Amet
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No partido de extrema-direita, as duas mulheres louras empataram: Marion obteve 40,55% dos votos na região sul de Provence-Alpes-Côte d'Azur, sua tia acumulou 40,64% na região norte (Nord-Pas-de-Calais e Picardie). A primeira, figura ascendente do partido e neta do patriarca tem apenas 26 anos de idade. A segunda é a filha de Jean-Marie Le Pen, personagem histórico da FN e recentemente expulso do movimento por suas declarações polêmicas sobre judeus e imigrantes.

Em uma França ainda chocada com os ataques de 13 de novembro (130 mortos e centenas de feridos), a Frente Nacional poderia, em uma semana, após o segundo turno das eleições, vencer em seis das 13 regiões metropolitanas. Para Marine, será um novo passo em sua corrida ao poder antes da eleição presidencial de 2017.

O partido de extrema-direita viu sua retórica nacionalista e anti-imigração ganhar força com a revelação de que dois dos autores dos ataques na capital francesa entraram na França escondidos entre os migrantes que desembarcam diariamente na Grécia.

Azarão na política

Advogada de formação, Marine, de 47 anos, não deveria ter entrado na política. Cabia a sua irmã Marie-Caroline assumir a formação liderada desde sua criação em 1972 por seu pai. Mas a vida política tumultuada da FN e as brigas de família abriram o caminho a Marine, que tomou a frente do movimento em 2011. Desde então, ela trabalha para dar uma "imagem diferente" desse partido, livrando-se pelo menos parcialmente de ativistas antissemitas, homofóbicos ou nostálgicos da colaboração francesa com a Alemanha nazista.

A reformulação do partido resultou em um afastamento e posterior expulsão de seu pai após novas declarações polêmicas sobre a Segunda Guerra Mundial. Contudo, a nova presidente não abre mão da linha anti-imigração tradicionalmente defendida por seu movimento populista, evocando o "fardo" dos migrantes ou "uma ditadura do euro na Comissão Europeia". Esse tipo de observação também faz parte da retórica de sua sobrinha Marion, católica praticante próxima dos círculos tradicionalistas.

'Duas sensibilidades que se completam'

"Marine é uma guerreira, Marion uma super poderosa", afirma um quadro do partido. Referindo-se ao sorriso dessa jovem, mãe de uma menina de 15 meses, que, no entanto, expressa posições às vezes mais radicais que sua tia sobre questões sociais, de identidade e imigração. Para Marion, os muçulmanos só podem ser franceses "se respeitarem os costumes e o estilo de vida que a influência grega, romana, e dezesseis séculos de cristianismo moldaram". Às vésperas da votação, Marion disse que iria suspender as subvenções ao aborto em sua região - um direito garantido por lei - porque "as mulheres têm de se responsabilizar pela concepção".

"As duas sensibilidades se completam. Elas são as duas pernas sobre as quais a FN deve andar", analisa Jean-Yves Camus, um pesquisador especialista da extrema-direita. Ele não acredita na hipótese de um conflito de geração entre as duas mulheres, mesmo que às vezes mostrem discrepâncias.

Marion se opõe à legalização do casamento gay, contra o qual ela se expressou, ao contrário de sua tia. Mas também é contra a pena de morte, defendida por Marine. "Se eu faço tudo isso é para que Marine Le Pen seja eleita presidente da República, não para me promover", assegurou Marion Maréchal-Le Pen há poucos dias a jornalistas.

Se ela espera que as eleições regionais sejam uma oportunidade para um "grande sinal", Marine Le Pen não esconde o seu verdadeiro objetivo, o de vencer a eleição presidencial de 2017.

Seu pai, Jean-Marie provocou um terremoto político ao se qualificar para o segundo turmo das eleições presidenciais de 2002 à custa do socialista Lionel Jospin. Marine espera fazer pelo menos tão bem em 2017, independentemente de seus oponentes. "Se eu não for para o segundo turno, eu paro" com a política, disse há alguns meses.

Com informações da AFP

 

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