Popularidade de Hollande tem alta expressiva com atentados
A imprensa francesa analisa nesta quarta-feira (30) a explosão de popularidade do presidente François Hollande após os atentados de 13 de novembro em Paris. Uma pesquisa Ifop/Fiducial divulgada ontem revelou que Hollande deu um salto de 22% em um mês, alcançando 50% de opiniões positivas. Trata-se do melhor resultado do presidente socialista desde 2012, o ano de sua eleição.
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A cota de popularidade de Hollande, que teve queda vertiginosa devido ao aumento do desemprego, já havia registrado uma clara ascensão (+21 pontos) em janeiro passado, após a primeira série de atentados.
Os franceses que aprovam a atuação de Hollande são agora mais numerosos do que aqueles que o desaprovam (49%, -23 pontos). Entre os entrevistados, 1% não se pronunciou. Contudo, apenas 28% (+6) dos franceses desejam que Hollande seja reeleito em 2017 (contra 71%).
Esse resultado foi divulgado cinco dias antes do primeiro turno das eleições regionais, que constituem uma última prova eleitoral antes das próximas presidenciais de 2017. O partido Frente Nacional, de extrema-direita, se posiciona com força antes dessas eleições e pode conseguir, pela primeira vez, conquistar a gestão de ao menos duas regiões das 13 existentes na chamada França Metropolitana, segundo os institutos de pesquisas.
Alta pode ser atribuída a trauma coletivo
Em entrevista à rádio France Info, o analista político Thomas Guénolé considera que o ganho de popularidade de Hollande foi causado pelo traumatismo coletivo sofrido pela população após os ataques reivindicados pelo grupo Estado Islâmico. Outra possibilidade é o fato de a França estar presente em vários palcos de guerra, como Síria, Mali e República Centro-Africana, o que deu uma nova dimensão à presidência socialista.
Por outro lado, Guénolé adverte que o crescimento espetacular da cota do chefe de Estado não pode ser confundido com uma alta automática de intenções de voto nos candidatos socialistas nas regionais. Para o cientista político, trata-se de um fenômeno passageiro. "Hollande é beneficiado pela união dos franceses contra o terrorismo, de uma forma ainda mais forte do que depois do ataque contra o jornal satírico Charlie Hebdo em janeiro", opina.
Sarkozy minimiza sucesso do rival
O ex-presidente François Sarkozy, líder do partido conservador "Os Republicanos", minimizou hoje o impacto da pesquisa favorável ao rival socialista. "As sondagens são cálculos que não me dizem nada", afirmou Sarkozy à rádio Europe 1.
O jornal conservador Le Figaro estima que o aumento recente do desemprego, após um pequeno período de melhoria, pode provocar uma nova queda de popularidade de Hollande nos próximos meses. Em outubro, 42 mil pessoas perderam o emprego na França, revelando um dos piores índices de desemprego do mandato (+1,2%). Porém, como o dado foi divulgado na véspera da homenagem nacional aos 130 mortos nos ataques do Bataclan e de restaurantes parisienses, a degradação do índice passou desperdecida.
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