Ministro condena prefeitos que rejeitam receber refugiados muçulmanos
O ministro francês do Interior, Bernard Cazeneuve, condenou nesta terça-feira (8) as declarações de prefeitos que se disseram dispostos a receber apenas refugiados cristãos, em um momento em que a Europa enfrenta uma onda de migração do Oriente Médio, da Ásia e da África. "Não entendo essa distinção, que condeno e considero nociva", afirmou o ministro ao canal de televisão France 2.
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"Na Síria, há toda uma série de minorias perseguidas. Os cristãos do Oriente devem ser recebidos, mas também há muçulmanos que sofrem perseguições e membros de outras minorias perseguidos com igual grau de barbárie", declarou Cazeneuve.
A França começa a se organizar para acolher refugiados. Ontem, o presidente François Hollande disse que 24 mil migrantes terão direito a asilo no país nos próximos dois anos.
O ministro do Interior reuniu-se hoje com a associação de prefeitos para discutir a distribuição dos imigrantes, onde eles serão alojados e que recursos financeiros o Estado vai colocar à disposição dos municípios. O problema é que alguns prefeitos declararam que só estariam dispostos a receber em suas cidades refugiados de religião cristã.
Um dos casos mais emblemáticos de preconceito contra muçulmanos é o do prefeito de Roanne, Yves Nicolin, do partido conservador Os Republicanos (ex-UMP), o mesmo do ex-presidente Nicolas Sarkozy. O prefeito justificou sua postura devido ao "risco de terrorismo". Ele estaria disposto a receber dez famílias cristãs perseguidas pelo grupo Estado Islâmico, "para ter garantias de que não são terroristas disfarçados".
A Convenção de Genebra (1951), que define o status dos refugiados, estipula que os países signatários do documento aplicarão as disposições "sem discriminação quanto à raça, à religião ou ao país de origem" do imigrante. Várias diretrizes europeias reproduzem esses princípios.
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