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França

Imigração pauta os partidos na “volta das férias” da política francesa

Encerradas as férias de verão na França, o fim de semana foi marcado pelos encontros nacionais dos principais partidos políticos do país. Tradicionalmente, este é o momento para as lideranças de esquerda e direita brilharem em discursos que costumam significar uma “carta de intenções” para o ano parlamentar que vai começar.

Manuel Valls chega a La Rochelle para o encontro de verão do Partido Socialista.
Manuel Valls chega a La Rochelle para o encontro de verão do Partido Socialista. REUTERS/Stephane Mahe
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No sábado (29), a líder do partido de extrema-direita Frente Nacional, Marine Le Pen, teve seu discurso transmitido pelo canal de notícias BFMTV. Liderando também as pesquisas para uma futura eleição presidencial, ela focou, como de costume, na questão migratória. Defendeu o fim imeditado tanto da migração clandestina quanto da legal – limitando esta última a 10.000 entradas ao ano. Marine também defendeu o fim das sanções econômicas à Rússia, que prejudicariam o setor pecuário francês, mergulhado em uma profunda crise.

No discurso, nem uma palavra sobre seu pai e fundador da Frente Nacional, Jean-Marie Le Pen, recém expulso do partido. Pouco antes, no sábado, ele disse à rádio Europe 1 que não deseja mais a vitória da filha na eleição presidencial de 2017.

O Partido Socialista fez o seu grande encontro, chamado de “universidade de verão”, neste domingo (30), em La Rochelle. O destaque foi o discurso do primeiro-ministro Manuel Valls, que defendeu a concessão de asilo a todos os refugiados que, nas últimas semanas, empreendem uma longa jornada desde a Síria para entrar na União Europeia através da Hungria. E provocou Le Pen, ao dizer que “aqueles que querem barrar estas pessoas, que o façam olhando olhos nos olhos daquelas crianças desesperadas e suas famílias mutiladas.”

Centro-direita

Já a centro-direita representada pelo partido de Nicolas Sarkozy, os Republicanos, parece mais interessada em debater economia. Os principais líderes do partido hoje, e que devem disputar as primárias para ver quem será o candidato à presidência, são Alain Juppé, Bruno Le Maire e François Fillon, além do próprio Sarkozy. Juppé lidera as pesquisas internas dos Republicanos. Correndo por fora, a vice-presidente do partido, Nathalie Kosciusko-Morizet, conhecida por NKM, fez um dos discursos mais inflamados do domingo.

Em Paris, ela enfatizou o compromisso da direita com a liberdade, mais precisamente a liberdade econômica. Ela defendeu uma queda brusca nos impostos para dinamizar a economia e fazer frente à potência alemã, cada vez mais liberal. NKM insistiu em falar em “renovar” a direita, em um recado claro para Nicolas Sarkozy, que sonha em voltar ao Palácio do Eliseu.

Já Bruno le Maire preferiu acenar aos eleitores radicais da Frente Nacional e defendeu a expulsão do território francês de todos os estrangeiros que tenham uma “ficha S”, como a polícia francesa chama pessoas monitoradas por ter ligações com o extremismo islâmico. Por outro lado, Le Maire defendeu a concessão de asilo aos que fogem da guerra na Síria. "Não temos outra opção a não ser receber quem está ameaçado por um conflito", disse.

Por fim, na outra ponta do espectro político, a extrema-esquerda ganhou voz no discurso de Jean-Luc Mélenchon, co-fundador do Parti de Gauche. Mélenchon clamou por união da esquerda e convocou os dissidentes do Partido Socialista (PS) e os ecologistas, além de todos os descontentes com a política econômica do ministro da Economia, Emmanuel Macron, a se juntarem ao Fronte de Gauche, grupo que reúne partidos radicais. Em uma situação não muito diferente da que vive o ministro brasileiro da Fazenda, Joaquim Levy, Macron é considerado “liberal demais” pela ala mais à esquerda do PS.

O próximo encontro dos franceses com as urnas será nos dias 6 e 13 de dezembro, quando elegerão representantes dos conselhos regionais – o primeiro pleito desde que a subdivisão em regiões da França foi alterada, no início do ano.

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