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França/Terrorismo

Suspeito de tentar massacre em trem nega ser terrorista

O marroquino Ayoub El Khazzani, suspeito de tentar cometer um massacre contra os passageiros de um trem entre Amsterdã e Paris, declarou estar "estupefato" com a acusação de ligação com o terrorismo. Segundo sua advogada que assistiu ao depoimento, El Khazzani disse ter tido intenção de roubar os passageiros.  

Foto não datada de Ayoub el-Khazzani, principal suspeito de um ataque no trem entre Amsterdã e Paris.
Foto não datada de Ayoub el-Khazzani, principal suspeito de um ataque no trem entre Amsterdã e Paris. AFP PHOTO / SOCIAL NETWORK
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"Ele ficou estupefato com a suspeita de que sua ação tenha tido motivação terrorista", declarou à rede de tv francesa BFM/TV Sophie David, advogada indicada para defendê-lo após a detenção de El Khazzani na estação de Arras, norte de França.

O suspeito, que ficou com seu rosto inchado após ter sido imobilizado e desarmado por três americanos e um britânico, afirmou ter tentado fazer um assalto. Segundo a advogada de El Khazzani, ele "tinha ouvido falar de pessoas que roubaram para ter dinheiro" e decidiu "pegar armas para fazer o mesmo com os passageiros para poder se alimentar".

"Kalachinikov não funcionou"

O marroquino, de acordo com a advogada, planejava atirar contra uma das janelas do trem e fugir depois do assalto. Sophie David afirmou que seu cliente "teve um choque" ao saber que a ação resultou em feridos. Ele disse não ter se lembrado de disparos e que a "kalachinikov não funcionou". O marroquinho também explicou ter sido controlado rapidamente.

No seu depoimento, realizado com a ajuda de um tradutor, já que ele não fala francês, El Khazzani disse ter encontrado as armas em uma "mala escondida" dentro de um jardim público perto da estação de Bruxelas-Midi, na capital belga. O local, segundo o relato, é usado como moradia por muitos sem-teto.

O suspeito de tentar cometer um massacre prestou depoimento na sede da brigada antiterrorista da polícia francesa em Levallois-Perret, periferia de Paris. Os investigadores tentam entender o percurso de Ayoub El Khazzani e suas motivações para realizar o ataque que acabou frustrado. A polícia privilegia a pista do islamismo radical.

Duas investigações estão em curso: uma aberta pela procuradoria antitterrorista de Paris e outra pela promotoria federal da Bélgica. A prisão provisória de El Khazzani, prolongada no sábado, pode durar até a noite da próxima terça-feira.

Fichado pela polícia

Apesar de negar qualquer motivação terrorista, o marroquino, que vai completar 26 anos no dia 3 de setembro, é conhecido dos serviços de informações de quatro países europeus (França, Espanha, Bélgica e Alemanha) que monitoram atividades ligadas ao terrorismo radical islâmico.

No trem, El Khezzani estava fortemente armado com uma kalachinikov, nove pentes de bala carregados, uma pistola automática e um estilete. Seu perfil e o armamento levaram a polícia e as autoridades a considerar a hipótese de o marroquino ter planejado uma carnificina durante o trajeto do trem.

O homem foi controlado e desarmado por três americanos e um sexagenário inglês. Um dos americanos, Spencer Stone, da Força Aérea dos Estados Unidos, de 23 anos, foi ferido na mão por um estilete. Outro passageiro, um franco-americano que vive nos arredores de Paris, foi atingido por um disparo, mas não corre risco de vida.

Stone, além de seus amigos Alek Skarlatos, também militar, e Anthony Sadler, estudante, juntamente com o inglês Chris Norman, de 62 anos, foram saudados como heróis e serão recebidos nesta segunda-feira pelo presidente François Hollande no Palácio do Eliseu.

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