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Polêmica/França

França debate demantelamento de acampamento cigano na periferia de Paris

O acampamento de ciganos mais antigo da França, o Samaritain, está prestes a ser desmantelado pelas autoridades francesas e divide as opiniões no país. Instalados em condições precárias desde 2008 em Seine-Saint-Denis, na periferia de Paris, os habitantes do local tentam evitar sua expulsão através de um abaixo-assinado, criado por um morador do local de 17 anos. O documento já reuniu 2.300 assinaturas.  

O Samaritain, o acampamento de ciganos mais antigo da França, em La Courneuve, periferia de Paris.
O Samaritain, o acampamento de ciganos mais antigo da França, em La Courneuve, periferia de Paris. © France 24, Charlotte Boitiaux
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A prefeitura de La Courneuve, município popular no norte da capital francesa, foi quem fez o pedido de desmantelamento do acampamento que conta hoje com cerca de 300 pessoas, mas no passado já chegou a abrigar mais de 2 mil. Segundo a organização Médicos do Mundo, a expulsão deve ser realizada nas próximas semanas.

Localizado entre uma rodovia e os trilhos de uma das linhas do RER, o trem regional, o acampamento Samaritain é apresentado com orgulho por seus moradores como "o mais antigo da França". Ele abriga cerca de 80 famílias e fica em torno de uma igreja construída pelos próprios habitantes. Na França, as instalações ciganas não sobrevivem mais do que alguns meses.

Condições indignas

Em um comunicado, a prefeitura de La Courneuve, administrada pelo Partido Comunista francês, explica que as condições humanas e sanitárias do local "são simplesmente indignas". Na época em que o pedido de desmantelamento foi feito, as autoridades indicam que mais de 2 mil pessoas viviam no local.

No site em que o abaixo-assinado foi disponibilizado, o Change.org, os ciganos protestam: "Em uma cidade comunista que construiu sua reputação com a tradição da solidariedade, essa situação nos parece absurda. Nos resta pouco tempo para convencer o prefeito a cancelar o pedido de expulsão que enviaria 300 homens, mulheres e crianças às ruas".

Exemplo de integração

As expulsões de habitantes de acampamentos devem, por lei, desde 2012, serem justificadas por uma avaliação social e acompanhadas por propostas de acolhimento em outros locais. No entanto, muitas associações veem no Samaritain um exemplo de ações de integração que só podem ser realizadas com a permanência duradoura dos moradores.

A maioria dos habitantes do acampamento foram acompanhados por médicos e assistentes sociais, o que permitiu, por exemplo, que um quarto da população conseguisse emprego. Além disso, projetos de saída do local foram coordenados por organizações como a Fundação Abbé Pierre e Médicos do Mundo, que incluíram formações e preparação para o mercado de trabalho.

"A questão é propor alternativas para a expulsão que não custem muito caro para o município", argumenta o jovem Jozsef Farkas, de 17 anos, organizador do abaixo-assinado. A possibilidade, entretanto, é descartada pelas autoridades que acreditam que esse tipo de ação apenas estimularia a criação de mais acampamentos como o Samaritain.

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