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França/ espionagem

A Hollande, Obama promete parar com espionagem de líderes aliados

O presidente americano, Barack Obama, reiterou ao francês François Hollande o seu comprometimento em acabar com a prática de escutas de líderes internacionais aliados. Em uma conversa telefonia nesta quarta-feira (24), após novas denúncias de espionagem americana ao governo francês, os dois presidentes reiteram “os princípios que devem gerir as relações entre aliados em matéria de informações secretas”, segundo um comunicado emitido pelo palácio do Eliseu.

Presidente francês, François Hollande, e premiê Manuel Valls participaram de reunião de emergência do Conselho de Defesa, nesta quarta-feira, para falar sobre denúncias de espionagem americana.
Presidente francês, François Hollande, e premiê Manuel Valls participaram de reunião de emergência do Conselho de Defesa, nesta quarta-feira, para falar sobre denúncias de espionagem americana. Reuters
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De acordo com o texto, Obama reafirmou “sem ambiguidade” o seu compromisso, firmado em novembro de 2013, de que não espionaria mais países aliados, uma prática considerada “inaceitável” pelo governo francês. Hollande ligou para o presidente americano para cobrar explicações sobre a denúncia de que o serviço secreto americano espionou, entre 2006 e 2012, os três últimos chefes de Estado franceses: Hollande, eleito em 2012, e seus dois antecessores, Nicolas Sarkozy (2007-2012) e Jacques Chirac (1995-2007). As revelações foram publicadas pelo jornal Libération e o site Mediapart, com documentos do site WikiLeaks.

A notícia gerou a indignação de Paris. Pela manhã, Hollande comandou uma reunião extraordinária do Conselho de Defesa para debater o assunto. O governo francês anunciou que o coordenador de inteligência Didier Le Bret viajará nos próximos dias a Washington para abordar a questão. Bret fará um balanço do conjunto dos dispositivos acordados pela França e os Estados Unidos em termos de espionagem, afirmou o porta-voz do governo, Stéphane Le Foll.

A embaixadora dos Estados Unidos na França, Jane Hartley, foi convocada nesta quarta-feira à tarde pelo chanceler francês Laurent Fabius, para dar explicações. O primeiro-ministro do país, Manuel Valls, declarou que a prática de escutas é “uma gravíssima violação do espírito de confiança”.

“Os Estados Unidos devem reconhecer não apenas os perigos que tais atos fazem pesar sobre as nossas liberdades, como fazer de tudo, e rápido, para reparar os estragos que isso ocasiona nas relações entre países aliados, em particular entre os Estados Unidos e a França”, disse o premiê.

Repercussão

A oposição de direita também manifestou sua revolta, ao denunciar um comportamento "grave" por parte dos Estados Unidos, que seria uma "ruptura do pacto de confiança" entre dois antigos aliados. Nem Sarkozy, nem Chirac se manifestaram até o momento, mas próximos a Sarkozy comentaram que ele considerou as revelações “inaceitáveis”.

Já a presidente da Frente Nacional (extrema-direita), Marine Le Pen, e o líder da esquerda radical Jean-Luc Mélenchon pediram o fim das negociações da União Europeia com os Estados Unidos sobre o tratado de livre comércio.

O ex-funcionário da NSA (Agência Nacional de Segurança) Edward Snowden revelou em 2013 a existência de um vasto sistema de espionagem de conversas telefônicas de vários governantes, incluindo a chanceler alemã Angela Merkel e a presidente do Brasil, Dilma Rousseff. O fundador do WikiLeaks, Julian Assange, afirmou na terça-feira que, em breve, fará novas revelações sobre a França.

Americanos dizem não espionar Hollande – mas se calam sobre outros presidentes

O governo americano tentou minimizar o escândalo. A Casa Branca afirmou que os Estados Unidos não espionam as comunicações de Hollande e que é pouco provável que ocorra uma crise diplomática entre os dois países.

"Não temos como objetivo e não teremos como objetivo as comunicações do presidente Hollande", afirmou à AFP Ned Proce, porta-voz do Conselho de Segurança Nacional, que não comentou as supostas operações da NSA que teriam ocorrido no passado. "Trabalhamos estreitamente com a França em todos os assuntos de preocupação internacional e os franceses são sócios indispensáveis", completou.
 

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