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Salão Aeronáutico de Paris começa com alta nas vendas e ausência russa

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O que se escuta quando se está a apenas 200 metros de um caça Rafale em pleno rasante é um mistura de explosão com o rugido de um leão. A possibilidade de chegar tão perto deste que é o principal avião da Força Aérea Francesa é uma das atrações do tradicional Salão Aeronáutico de Le Bourget, ou o Paris Air Show, como é conhecido internacionalmente. O evento deste ano começou sob uma aura de completo otimismo no mercado da aviação comercial, inclusive para a brasileira Embraer.

Caça Rafale, uma das estrelas da Força Aérea Francesa.
Caça Rafale, uma das estrelas da Força Aérea Francesa. Gabriel Brust / RFI
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O encontro, que está em sua 51ª edição e acontece a cada dois anos, é oportunidade para gigantes da indústria da aviação civil e militar, como Boeing, AirBus, Bombardier, Embraer e Dassault, mostrarem seus últimos lançamentos e disputarem contratos de bilhões de euros. As principais construtoras estimam uma demanda ao redor de 35 mil aeronaves para os próximos 20 anos, impulsionada principalmente pela nova classe média dos países emergentes. Estima-se que em apenas 10 anos a China se tornará o maior mercado da aviação do mundo.

Pascal Pincemin, diretor de uma destas empresas, a Deloitte, diz que, diante de um mercado tão aquecido, o principal desafio é conseguir dar conta de tantas encomendas: “Será preciso ter capacidade de entregar tudo com qualidade e dentro do prazo, não só pelo aumento do tráfego, mas também pela substituição da frota existente, que está ou se tornará obsoleta em breve, graças à evolução tecnológica.”

Negócios já no primeiro dia

A Airbus anunciou na segunda-feira (15) uma previsão de crescimento de 4% ao ano para o mercado mundial nas próximas duas décadas. Os países emergentes devem crescer a uma taxa ainda maior, 5,8% ao ano, contra apenas 3,8% da Europa e dos Estados Unidos.

Logo no primeiro dia do Salão de Le Bourget foram assinados contratos no valor de € 20 bilhões. A AirBus anunciou a venda de 20 aeronaves modelo A330 para a Arábia Saudita, e a Boing, 14 aviões para o Qatar. A principal representante brasileira no Salão, a Embraer, também começou bem, tendo recebido 50 encomendas no valor de US$ 2,6 bilhões, além de fechar a venda de seis aviões Super Tucano para a Força Aérea do Mali.

Saulo Passos, diretor de comunicação da Embraer, diz que a recessão prevista para a economia brasileira neste ano terá impacto relativo: “A aviação está sempre pensando no longo prazo. O cenário é de desafio, mas alguns dos elementos-chave do Brasil continuam: a extensão territorial do país, a população, a demanda por voo. Quando se olha historicamente, cada vez mais passageiros estão entrando, principalmente as 40 milhões de pessoas que não tinham acesso e passaram a ser consideradas classe média”.

Faltaram os russos

Para o público em geral, a grande atração do Salão Aeronáutico de Le Bourget são os aviões, tanto civis quanto militares. É possível visitar, por exemplo, o interior do gigantesco AirBus A380 da Qatar Airlines, que tem dois andares e pode levar até 850 passageiros, dependendo da configuração.

O grande destaque são as aeronaves militares, que raramente podem ser vistas pelo público. Entre elas estão os caças, como o francês Rafale, além de helicópteros para carregar tropas e muitos modelos diferentes de drones, os pequenos aviões não tripulados.

Mas quem quiser ver aviões russos, este ano vai ficar na vontade. A Rússia, que tradicionalmente exibe nos céus de Le Bourget seus grandes caças militares, como o Sukhoi-35, este ano não compareceu com aeronaves. A participação do país se resume aos estandes de fabricantes.

O diretor do salão, Aymeric d'Arcimoles, nega que haja motivação política na pequena participação russa, e diz que foi tudo uma questão de orçamento. “Antes de tudo não podemos esquecer que os russo são amigos. Eu nunca ouvi falar que estamos em guerra com os russos”, diz d'Arcimoles. “Objetivamente, no plano industrial o contato continua, porque, no final, a política passa e a indústria fica.”

Este, claro, é o discurso oficial. Mas analistas dizem que a participação modesta da Rússia pode sim ser creditada ao momento de crise nas relações entre o país e a União Europeia, gerada pelo conflito na Ucrânia. Desde julho de 2014, os países europeus estão impedidos por um embargo de vender armas ao país de Vladimir Putin.

O Salão Aeronáutico de Paris Le Bourget poderá ser visitado pelo grande público a partir da próxima sexta-feira, dia 19 de junho, até o dia 21 de junho.

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