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França/Imigração

Polícia desmantela acampamento de 350 imigrantes em Paris

A polícia francesa iniciou nesta terça-feira (2) o desmantelamento do acampamento de cerca de 350 imigrantes que tinham se instalado sob os trilhos suspensos da linha 2 do metrô parisiense, perto das estações de La Chapelle e Gare du Nord. As autoridades justificam a desocupação forçada dos estrangeiros alegando falta de saneamento e de condições mínimas de higiene no local. Instalados há vários meses em situação precária, os imigrantes viviam sem banheiros e chuveiros.

Acampamento improvisado pelos imigrantes na linha dois do metrô parisiense.
Acampamento improvisado pelos imigrantes na linha dois do metrô parisiense. REUTERS/Benoit Tessier
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A operação policial foi minuciosamente preparada. Durante o fim de semana, agentes públicos pregaram cartazes nas redondezas da linha 2 do metrô alertando sobre o desmantelamento iminente do acampamento. A maioria dos imigrantes ainda estava dormindo nas barracas quando a polícia cercou o bairro, esta manhã, e deu prazo de 48 horas para eles deixarem o local. Alguns serão encaminhados para centros de acolhimento públicos; para outros, a única alternativa será ficar circulando pela cidade.

Os imigrantes de La Chapelle vêm na maioria de países da África em situação de forte instabilidade política, como Líbia, Eritreia, Somália, Sudão e Egito. A maioria são homens jovens, mas algumas famílias com crianças tinham encontrado refúgio sob os trilhos do metrô. Cerca de 20 moradores do bairro acompanharam a ação policial, segurando cartazes em que pediam "solidariedade com os refugiados", "documentos para todos" ou "um teto para todos".

Recenseamento

Na semana passada, autoridades e associações de defesa dos imigrantes recensearam os ocupantes do acampamento. Cerca de 160 pessoas preenchem os critérios para pedir asilo político na França; outros 200 imigrantes estão em trânsito. Eles querem ir para o Reino Unido ou para outros países do norte da Europa.

O acampamento de La Chapelle começou a se formar no verão passado, mas cresceu subitamente em abril deste ano, quando milhares de imigrantes começaram a chegar em países do sul do continente, principalmente Grécia e Itália, atraídos pelas ofertas de atravessadores e pelas condições favoráveis de travessia do Mar Mediterrâneo.

Na quarta-feira, o secretário de Segurança Pública de Paris, Bernard Boucault, disse que determinaria a retirada dos imigrantes porque havia risco de epidemias de sarna e diarreia. Ele também justificou a medida pelas "brigas frequentes" entre grupos de nacionalidade diferente e "tráficos variados". Sem documentos para trabalhar, os imigrantes sobreviviam com a ajuda de pessoas do bairro, associações caritativas ou pedindo esmola.

As autoridades garantem que a maioria imigrantes retirados do acampamento vão receber propostas de alojamento. A prefeitura de Paris informou que vai abrigar em seus estabelecimentos 74 pessoas. As famílias com mulheres e crianças serão encaminhadas a uma estrutura específica do Serviço Social do Estado (Cada). Os demais provavelmente formarão um novo acampamento em outro ponto da cidade.

Operação policial em Calais

A situação em Paris ainda é menos crítica do que em Calais (norte), porto de passagem entre a França e a Grã-Bretanha. Um número flutuante de imigrantes, estimado em 2 mil a 3 mil pessoas, acampa em terrenos baldios e bosques nos arredores da cidade à espera de uma oportunidade de atravessar clandestinamente o Eurotunel, sob o canal da Mancha.

Esta manhã, a polícia desmantelou dois acampamentos de imigrantes na cidade, depois que uma briga violenta, ontem, envolvendo 200 clandestinos, deixou 24 feridos em Calais.

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