Acessar o conteúdo principal
Justiça/França

Ex-Reféns do Hyper Cacher prestam queixa contra mídias que cobriram atentados

Seis pessoas que se esconderam na câmara fria do supermercado judaico Hyper Cacher, onde Amédy Coulibaly matou quatro clientes no dia 9 de janeiro, prestaram queixa contra mídias francesas que fizeram a cobertura do acontecimento. As vítimas reclamam que as mídias colocaram em risco suas vidas.

Em 9 de janeiro de 2015, Amédy Coulibaly invandiu o supermercado judaico Hyper Cacher, onde matou 4 pessoas.
Em 9 de janeiro de 2015, Amédy Coulibaly invandiu o supermercado judaico Hyper Cacher, onde matou 4 pessoas. REUTERS/Yves Herman
Publicidade

A queixa visa especialmente o canal de televisão BFM TV, que durante a ação de Amédy Coulibaly no Hyper Cacher, revelou que havia clientes escondidos no subsolo do estabelecimento. No mesmo dia, o terrorista matou quatro pessoas, três judeus que faziam compras no supermercado e um empregado.

De acordo com o advogado dos seis ex-reféns, Patrick Klugman, seus clientes reclamam da cobertura ao vivo da evolução das operações das forças de segurança, que depois de horas de negociação com Coulibaly, invadiram o supermercado e abateram o terrorista. “Várias mídias não respeitaram as regras mais básicas de prudência”, diz Klugman.

Outra reclamação diz respeito à transmissão ao vivo das operações policiais em uma gráfica de Dammartin-en-Goele, onde os irmãos Said e Chérif Kouachi, autores do atentado contra a redação do jornal Charlie Hebdo, estavam escondidos. No final da tarde de 9 de janeiro, as forças de segurança invadiram o local e mataram os dois terroristas.

Vida dos reféns em risco

De acordo com o advogado, a divulgação da morte dos terroristas em Dammartin-en-Goele colocou a vida dos reféns do Hyper Cacher em risco. Dentro do supermercado, Coulibaly acompanhava os contecimentos pela televisão. Ele chegou a telefonar para a BFM TV para dizer que sua ação estava coordenada às do Kouachi.

No final de março, o diretor do canal, Hervé Béroud, reconheceu que a revelação sobre o esconderijo dos reféns durante a invasão de Coulibaly ao Hyper Cacher foi um erro. Em fevereiro, ele afirmou que a informação sobre os reféns na câmara fria do supermercado havia sido obtida junto a um policial que participava das operações. Segundo Béroud, as pessoas não corriam mais risco de morte porque as forças de segurança haviam se posicionado nas proximidades da câmara fria, no exterior do supermercado.

A Justiça francesa informou que também abriu uma investigação sobre o caso. A BFM TV não reagiu ao anúncio sobre a queixa ou a investigação.

Uma outra investigação foi aberta no dia 30 de janeiro devido à divulgação, no Twitter, na noite do dia 7 de janeiro, do nome de três pessoas procuradas pela polícia, suspeitas de autoria do atentado contra Charlie Hebdo. Entre os nomes publicados pelo jornalista francês Jean-Paul Ney, estavam os dos irmãos Kouachi e o do estudante Hamyd Mourad, 18 anos, que não tinha nenhuma relação com os ataques.

BFM TV não é a única responsabilizada

Para Klugman, a responsabilidade não é apenas da BFM, mas de todas as mídias que transmitiram ao vivo as operações das forças de ordem. “Os métodos de trabalho das mídias 24 horas em situações como essas são um incentivo ao crime”, considera.

O advogado acredita que esse tipo de cobertura viola uma obrigação de segurança ou prudência imposta por lei. “A questão agora é saber quem é responsável por este delito? Uma pessoa? O diretor de um canal? Um jornalista?”, se pergunta.

Para vários advogados especialistas em direito da imprensa, até hoje não existem casos similares nas mídias francesas. “Este é um processo contestável”, acredita o advogado Christophe Bigot. Segundo ele, “o jornalista não tem obrigação de prudência ou segurança”.

NewsletterReceba a newsletter diária RFI: noticiários, reportagens, entrevistas, análises, perfis, emissões, programas.

Acompanhe todas as notícias internacionais baixando o aplicativo da RFI

Compartilhar :
Página não encontrada

O conteúdo ao qual você tenta acessar não existe ou não está mais disponível.