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Repercussão

Sarkozy diz que a Itália deveria virar a página do caso Battisti

A prisão seguida da rápida libertação de Cesare Battisti, na quinta-feira (12), em São Paulo, é manchete dos jornais na Itália e na França nesta sexta-feira (13). A França, assim como o México, países onde Battisti viveu antes de chegar ao Brasil, em 2004, são dois destinos possíveis no caso de uma eventual deportação do ex-ativista de extrema-esquerda italiano. Para o ex-presidente Nicolas Sarkozy, "a Itália deveria virar essa página de sua história".

Nicolas Sarkozy fala sobre Cesare Battisti nos estúdios da rádio France Info.
Nicolas Sarkozy fala sobre Cesare Battisti nos estúdios da rádio France Info. Reprodução
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O diário francês Le Figaro diz que a perspectiva de uma expulsão de Battisti está cada vez mais próxima. Para o jornal Libération, apesar da soltura determinada pela Justiça Federal de São Paulo, a ameaça de expulsão não está descartada.

Em entrevista à radio France Info, nesta manhã, o ex-presidente Nicolas Sarkozy referiu-se a Battisti como um caso "doloroso" que ele acompanhou durante o governo do ex-presidente socialista François Mitterand (1981-1995).

"François Mitterrand permitiu que, na época dos atentados e mortes na Itália, pessoas com sangue nas mãos se refugiassem na França", lembrou Sarkozy. O ex-chefe de Estado socialista prometeu não extraditar os militantes, mas com o tempo, segundo Sarkozy, a "regularização dos ativistas não foi consumada". "Isso faz com que até hoje existam processos judiciais contra esses ativistas na Itália", afirmou. Para Sarkozy, a extradição é uma questão que diz respeito à sociedade italiana. "Mas eu acho que a Itália deveria virar a página" dos anos de chumbo, declarou o ex-presidente.

Repercussão na Itália

Na Itália, o jornal Corriere dela Sera lembra que a chamada "doutrina Mitterrand", que deu direito de asilo para ativistas de extrema-esquerda, em troca do abandono da luta armada, não está mais em vigor e foi considerada sem valor jurídico pelo Conselho de Estado francês, a mais alta instância administrativa do país, em 2004, ano em que Battisti chegou ao Brasil.

O diário italiano destaca que o juiz Cândido Ribeiro, do Tribunal Regional Federal paulista, que analisou o pedido de deportação expedido pela Vara Federal de Brasília, concluiu que não compete à Justiça Federal modificar decisões tomadas por instâncias superiores. "O ex-presidente Lula ordenou a não extradição de Battisti em 2010", reporta o Corriere dela Sera.

Ex-integrante do grupo Proletários Armados pelo Comunismo, Battisti foi condenado à prisão perpétua na Itália, nos anos 70, por cumplicidade em sequestros e quatro assassinatos. A sentença foi pronunciada à revelia. Preso em 1979, ele fugiu dois anos mais tarde da penitenciária de Frosinoni e encontrou refúgio na França, onde viveu sob proteção da "doutrina Mitterrand". Mas, vendo-se ameaçado por um novo pedido de extradição da Itália, fugiu para o Brasil passando pelo México.

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