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França/Política

Deslize antissemita de Le Pen estremece partido da extrema-direita

No domingo (8), Jean-Marie Le Pen, fundador e presidente de honra do partido de extrema-direita francês Frente Nacional (FN), causou polêmica mais uma vez ao fazer declarações antissemitas no site do partido. O fato desagradou à sua filha, Marine Le Pen, atual presidente do FN, que tenta dissociar a formação vencedora das eleições europeias da tendência antissemita. Associações anunciaram que vão dar queixa na justiça.

Imagem do vídeo retirado do site do partido FN em que Jean-Marie Le Pen faz brincadeira antissemita.
Imagem do vídeo retirado do site do partido FN em que Jean-Marie Le Pen faz brincadeira antissemita. Captura de imagem do site laprovence.com
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No vídeo de domingo, que foi retirado do site do partido, Jean-Marie Le Pen, com o ar alegre e bonachão de sempre, comenta com uma jovem interlocutora a decisão de diversos artistas de não se apresentarem em cidades com prefeitos da Frente Nacional: o cantor francês Yannick Noah, o comediante Guy Bedos e até a pop star Madonna. A moça ri e responde..."todos os que juraram ir embora da França em caso de vitória da Frente Nacional", e lembra, rindo também, o nome do cantor Patrick Bruel, que é judeu.

"Escute, da próxima vez faremos uma 'fornada'!", diz Le Pen, dando risada. A frase foi considerada uma alusão às câmaras de gás usadas para matar os judeus durante o nazismo, o que Le Pen negou: "O uso da palavra 'fornada' não tinha nenhuma conotação antissemita", declarou, alegando que "as denúncias midiáticas de suas 'derrapagens' fazem parte do arsenal de combate dos inimigos da Frente Nacional". 

Le Pen é abertamente antissemita e suas frases são conhecidas, sendo a mais famosa delas que "as câmaras de gás foram um detalhe da Segunda Guerra Mundial".

Queda de braço entre Le Pen x Le Pen

A frase infeliz do pai, presidente de honra da Frente Nacional, foi dita no momento errado. O partido venceu as recentes eleições europeias de maio com o índice histórico de 25,41% de votos; e Marine Le Pen, atual presidente do partido, vem tentando dissociar a imagem do FN do antissemitismo, um impecilho para ela conquistar novas alianças com partidos extremistas de direta de outros países para se fortalecer no Parlamento Europeu.

A queda de braço entre pai e filha já começou. Marine classificou a declaração do pai como "um erro político", sendo apoiada por outros líderes do seu partido, a começar por seu vice-presidente e companheiro, Louis Alliot, que também considerou "uma frase ruim a mais. É estúpido politicamente e constrangedor", disse. A resposta não demorou, Le Pen o chamou de imbecil.

Já o famoso advogado Gilbert Collard, que apoia Marine Le Pen, aconselhou a Jean-Marie Le Pen a se aposentar, considerando as declarações inaceitáveis e intoleráveis, "que fazem mal a quem ouve e também ao partido".

Revolta de associações

Depois da repercussão do caso, diversas associações anunciaram que vão dar queixa na justiça contra Jean-Marie Le Pen: SOS Racismo, Movimento contra o Racismo e pela Amizade entre os Povos (Mrap), União dos Estudantes Judeus da França (UEJF) e o Conselho Representativo das instituições judaicas da França manifestaram sua revolta.

A Liga internacional contra o racismo e o antissemitismo (Licra), também resumiu em uma frase o significado da declaração do fundador do partido de extrema-direita: "O antissemitismo é o DNA da Frente Nacional".

 

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