Extrema-direita acusa governo de impôr "teoria do gênero" nas escolas
O ministro francês da Educação, Vincent Peillon, pediu nesta quarta-feira (29) aos diretores das escolas francesas para convocar os pais que retiraram seus filhos das aulas devido a rumores sobre o ensino da “teoria de gênero” nas escolas primárias francesas.
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A decisão do ministro tem por objetivo explicar aos pais ou responsáveis pelos alunos “a realidade das coisas” e lembrar que na França “há uma obrigação escolar em relação às crianças”. As declarações de Peillon foram feitas na saída de uma reunião do Conselho de Ministros, em Paris.
A polêmica surgiu depois do lançamento, no início do ano letivo, da cartilha "ABCD da Igualdade", para lutar contra os estereótipos masculino-feminino.
Alguns setores mais conservadores acusaram o governo de introduzir uma suposta "Teoria do Gênero", baseada em estudos sociológicos feitos nos anos 70 nos Estados Unidos, que questionam a construção social da identidade sexual e as diferenças entre homens e mulheres.
“Há um certo número de extremistas que decidiram mentir, propagar o medo nos pais. O que fazemos na escola é ensinar os valores da República, o que quer dizer, o respeito entre homens e mulheres”, afimou Peillon.
Boicote provoca ausência de alunos
Um boicote escolar lançado pela cineasta argelina Farida Belghoul, próxima do escritor de extrema-direita, Alain Soral, se espalhou nos últimos dias e provocou uma onda de ausência de alunos em centenas de escolas no país.
Questionado sobre a polêmica, o presidente do partido conservador UMP disse ter ficado “chocado com a teoria do gênero” e afirmou “entender a preocupação das famílias”.
A porta-voz do governo, Najat Vallaud-Belkacem, acusou o presidente do partido de oposição UMP, Jean-François Copé, de “fazer o jogo” dos extremistas ao apoiar a polêmica.
“Quando Jean-François Copé diz compreender as preocupações dos pais quanto à “teoria do gênero”, ele sabe perfeitamente que não há nenhuma teoria de gênero desenvolvida nas escolas do ensino fundamental na França, ele aposta na fantasia”, acrescentou Najat, que também é ministra dos Direitos das Mulheres.
O Instituto Civitas, próximo dos católicos integristas, que declarou apoio à iniciativa de Farida Belghoul, disse que a Educação nacional francesa visa divulgar discretamente uma “ideologia do gênero” devido a pressões dos movimentos de gays e lésbicas.
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