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França/Criminalidade

Dois novos assassinatos relançam debate sobre crime em Marselha

Acertos de contas sangrentos, tráfico de droga, corrupção: capital europeia da Cultura em 2013, Marselha, no sul da França, mergulhou na violência com dois novos assassinatos nesta quinta-feira. Uma das vítimas era o filho do diretor esportivo do clube de futebol local. Em 2012 o número de assassinatos chegou a 24, em sua maioria ligados ao tráfico de droga e à pobreza nos conjuntos habitacionais da periferia norte da cidade.

A polícia científica examina o local onde Adrien Anigo foi encontrado morto em Marselha nesta quinta-feira, 5 de setembro de 2013.
A polícia científica examina o local onde Adrien Anigo foi encontrado morto em Marselha nesta quinta-feira, 5 de setembro de 2013. REUTERS/Jean-Paul Pelissier
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A 800 quilômetros, mas somente três horas de Paris em trem-bala, a segunda maior cidade da França, com 850 mil habitantes, tem passado nos últimos anos por um renascimento cultural. Apesar disso, ela costuma aparecer nas páginas dos jornais devido aos 15 assassinatos causados por acertos de contas desde o início deste ano.

A criminalidade não é uma novidade em Marselha, mas ela mudou de perfil. Os jovens líderes da droga substituíram os velhos mafiosos, que entraram em guerra nos anos 90 pelo controle da prostituição, das boates ou dos caça-níqueis.

Nesta quinta-feira, 5 de setembro de 2013, a violência fez mais duas vítimas, incluindo, pela primeira vez, o filho de um dos notáveis da cidade. Adrien Anigo, de 29 anos, era o filho de José Anigo, diretor esportivo do Olympique de Marselha. Ele era conhecido da justiça por ter participado de assaltos a mão armada a joalherias. Adrien foi abatido segundo a maneira habitual nos acertos de contas: ao volante do seu carro, por dois atiradores de moto.

Pela primeira vez a vítima tinha um nome conhecido do grande público, o que pode funcionar como um choque e provocar a adoção de medias mais eficazes contra a violência.

o ministro do Interior, Manuel Valls, responsável pela segurança no país, pediu nesta quinta-feira um "pacto nacional" contra a droga em Marselha. Mas essa união de todas as correntes políticas em prol de um mesmo objetivo parece difícil de ser concretizada. As principais figuras da oposição de direita responsabilizam as políticas penais do governo socialista, consideradas muito permissivas, pelo aumento da violência.

O primeiro-ministro Jean-Marc Ayrault disse nesta sexta-feira que é necessário "ampliar a batalha contra os traficantes". "Nós atrapalhamos as atividades das gangues e isso levou a acertos de contas suplementares", acrescentou ele.

Os números da delinquência nos oito primeiros meses de 2013 são melhores quando comparados aos do mesmo período em 2012, anunciou o novo procurador da República, Brice Robin.

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Há um ano, a senadora socialista Samia Ghali, que administra uma zona da cidade considerada "sensível", havia pedido o envio do exército aos conjuntos habitacionais do norte da cidade.

Integrantes da sociedade civil de Marselha apontam que as verdadeiras causas da delinquência são a falta de transporte público, a corrupção política que provoca uma crise de confiança e o confinamento das populações desfavorecidas em grandes conjuntos habitacionais em péssimo estado de conservação e segurança.

O aumento da violência prejudica a imagem da cidade, que tem dificuldade em atrair profissionais de alto nível, assustados com as notícias sobre a criminalidade.

Neste sábado os conselheiros municipais e as autoridades das forças da ordem devem se reunir para discutir sobre medidas de segurança.

Mesmo se aparecem mais na mídia, os acertos de contas em Marselha não são mais numerosos hoje do que nos anos 70 ou 80. A diferença é que agora as vítimas são em geral mais jovens e fazem parte do mundo da delinquência, e não da crime organizado.

Outra diferença é a aparição de armas de guerra como as metralhadoras Kalachnikov, utilizadas em assaltos à mão armada ou acertos de contas.

A imagem de violenta não impediu que Marselha recebesse quatro milhões de turistas desde o início do ano. Mas os profissionais do setor temem que a curto prazo os visitantes comecem a evitar a cidade devido à publicidade negativa.

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