Holandesa de 19 anos é presa por recrutar jovens europeus para Jihad Islâmica
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A garota foi detida nesta segunda-feira em Haia após uma de série de famílias reclararem à polícia de que ela teria sido a responsável pela ida de jovens à Síria, para combater junto às forças rebeldes ao governo de Bashar al-Assad. O episódio revela um problema que tem preocupado as autoridades europeias: o recrutamento de jovens para lutar junto a grupos extremistas. Desde o início do conflito sírio, cerca de 600 europeus - a maioria de origem muçulmana - aderiram aos rebeldes, segundo estimativas de órgão oficiais.
O nome da aliciadora não foi revelado pela promotoria de Haia, que informou apenas que a jovem ficará detida por pelo menos duas semanas, tempo para investigações preliminares. No momento, ela só é autorisada a ver seu advogado. As autoridades não têm como impedir a ida de alguém para lutar na Síria, mas podem prender os recrutadores, uma vez que a prática é ilegal. A holandesa pode pegar até 4 anos de prisão e pagar uma multa de até 78 mil euros.
Para o professor de estudos árabes da Universidade de Jerusalém Raphi Israeli, a crise econômica que assola a Europa desde 2008 tem um papel fundamental para o aumento do número de jovens que são recrutados por grupos extremistas. "Quando falamos de movimentos messiânicos, falamos em contextos de crise. Jovens que não encontram seu lugar na sociedade e procuram outra coisa que os entusiasme – e essa outra coisa pode ser uma aventura em algum lugar como o Afeganistão ou a Síria", explica.
Há também um apelo muito forte nas redes sociais para um espírito de solidariedade religiosa como argumento para engajar jovens na luta armada que visa a instalação de estados islâmicos. Na visão do sociólogo Samir Amghar, do Instituto de Estudos Avançados em Ciências Sociais, e autor do livro O Islã Militante na Europa (L'Islam Militant en Europe, no título original, em francês), a grande preocupação dos países ocidentais é com o que pode acontecer depois do fim do conflito na Síria. "Depois de cumprir a missão à qual se propuseram, eles ficarão na Síria ou retornarão aos seus países de origem? Esse é o perigo. Esses jovens, que estarão na Alemanha, Reino Unido, Holanda, Bélgica e França, vão combater as autoridades europeias para instalar aqui estados islâmicos? Ainda é impossível prever", resume.
Em novembro do ano passado, a polícia holandesa prendeu três holandeses que estavam às vésperas de se juntar aos rebeldes. Eles tinham em seu poder facas, uma espada e um tipo de arco e flecha.
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