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França/ Turquia

Assassinato de militantes causa revolta de curdos em Paris

As comunidades curdas que vivem na França foram às ruas hoje para protestar contra o assassinato misterioso de três militantes ligadas ao Partido dos Trabalhadores Curdos (PKK), ocorrido em Paris. As três mulheres foram encontradas sem vida nesta madrugada, com tiros na cabeça, em um crime que chocou a capital. O governo turco disse que o os assassinatos são uma “atrocidade”, enquanto membros de um partido curdo exigem que a França esclareça as mortes.

Manifestação nas ruas de Paris depois que três ativistas curdas foram encontradas mortas em um centro de informações pró-Curdistão de Paris.
Manifestação nas ruas de Paris depois que três ativistas curdas foram encontradas mortas em um centro de informações pró-Curdistão de Paris. REUTERS/Christian Hartmann
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Uma das mulheres assassinadas, Sakine Cansiz, é uma das fundadoras do PKK e próxima ao líder do partido separatista, Abdullah Öcalan, preso na Turquia. O partido, armado, é considerado grupo terrorista pela União Europeia. As outras vítimas são Fidan Dogan, presidente do Centro de Informação Curda em Paris, onde ocorreram as mortes, e Leyla Soylemez, uma ativista.

O ministro francês do Interior, Manuel Valls, foi ao local do crime e disse que o fato as três mulheres terem “provavelmente sido executadas” é “inaceitável”, e prometeu que o crime será esclarecido. A polícia antiterrorismo está encarregada das investigações.

Nesta manhã, centenas de curdos foram em frente ao imóvel, localizado na rue Lafayette, no 10º distrito de Paris, para protestar contra o crime. Os manifestantes gritavam “Nós somos todos PKK” e “Turquia assassina, Hollande cúmplice”. Eles também denunciaram a morte dos curdos nos últimos 30 anos anos e afirmaram não estarem em segurança “nem na França”. Também em Marselha houve manifestações, com bandeiras com o rosto Ocalan desenhado.

Extremistas curdos ou turcos podem estar por trás do crime

Diversas pistas estão sendo estudadas pela polícia: acerto de contas entre militantes curdos, ação de extremistas de direita turcos opositores do movimento curdo, ou outro tipo de motivação pessoal ou financeira ligada a pelo menos uma das mulheres mortas. De acordo com a Léon Edart, da Federação das Associações Curdas, as três mulheres estavam sozinhas no centro, na tarde de ontem. Para entrar no imóvel, é necessário digitar um código e passar por um interfone.

No final do dia, um membro da comunidade tentou telefonar para o local, sem resposta. Preocupados, no final da noite um grupo de curdos foi ao centro e viu traços de sangue na entrada, por isso decidiu forçar a porta. Foi quando descobriram os três corpos sem vida: duas tinham uma bala na nuca e a terceira recebeu um tiro na cabeça e outro no abdome. Cerca de 150 mil curdos vivem na França.

Longe de lá, nas montanhas de Qandil, no Curdistão iraquiano, um porta-voz do PKK disse que o movimento não se manifestá enquanto a polícia francesa não terminar a investigação do crime. Na Turquia, o Partido pela Paz e a Democracia (BDP), principal partido curdo reconhecido, pediu “esclarecimentos imediatos” da França e conclamou os curdos a se manifestarem contra o “massacre” ocorrido em Paris.

Governo turco lamenta mortes

Em viagem oficial ao Senegal, o primeiro-ministro turco, Recep Tayyip Erdogan, evocou a hipótese de “acerto de contas” dentro do PKK. “É preciso esperar que o caso seja elucidado, não começar a especular. Poderia ser um acerto de contas”, disse, ressaltando que poderia haver interesse em “sabotar” uma solução ao conflito curdo, que já tirou a vida de 45 mil pessoas desde o início da luta armada do PKK, em 1984. Recentemente, o diálogo entre o serviço secreto turco e o líder Ocalan, do PKK, foi restabelecido, com o objetivo de desarmar os rebeldes do partido.

Em Ancara, o vice-primeiro-ministro e porta-voz do governo, Bülent Arinç, denunciou a “atrocidade” dos assassinatos. “Eu denuncio uma atrocidade cometida sob a forma de execução extra-judicial. É um ato deplorável”, afirmou. “Matar mulheres desta forma, com uma bala na cabeça, é definitivamente algo que nós não podemos aprovar.”
 

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